São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994 |
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Checkpoint Campos Todo prefeito tem o dever de evitar que a população carente acabe se instalando em áreas de risco ou de proteção ambiental. Existem, porém, muitas maneiras de fazê-lo. Há a forma constitucional e a inconstitucional, há o modo justo e o modo injusto, discriminatório e, por que não dizer, classista. João Paulo Ismael (PMDB), prefeito de Campos do Jordão, um dos locais de lazer da alta classe média, optou, a um só tempo, pela forma inconstitucional, injusta, discriminatória e classista. Reeditando a sinistra figura do passaporte interno, o alcaide decidiu estabelecer "checkpoints" na cidade para impedir que nela se instalem os indesejáveis, ou seja, cidadãos pobres. Além de agir ao arrepio da Lei Maior, bloqueando o direito de ir e vir, o prefeito o faz de forma nitidamente classista. Ou seja, as pessoas bem-vestidas passam livremente pelo controle, já os pobres têm de preencher uma espécie de ficha criada pela prefeitura e são instados a abandonar a cidade. Iniciativas como esta –e já existem outras em outras cidades– têm de ser cortadas pela raiz, sob pena de se dar mais um passo na consolidação do vergonhoso apartheid social brasileiro. Texto Anterior: O jardim das delícias Próximo Texto: O fim do mito Índice |
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