São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 1994
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PT do Ceará recua e já admite retirar apoio a Tasso Jereissati

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT do Ceará já admite recuar e retirar o apoio à candidatura de Tasso Jereissati (PSDB) ao governo do Ceará. A coligação com os tucanos naquele Estado havia sido vetada pela cúpula petista.
"Se o Encontro Nacional decidir contra a aliança, vamos acatar', afirmou José Nobre Guimarães, presidente do PT do Ceará. Guimarães anunciou o recuo, mas criticou a Executiva do partido.
"Havíamos acertado com Lula que não decidiríamos a questão agora, mas na sexta-feira a Executiva decidiu punir o Ceará talvez por termos posição política diferente", afirmou Guimarães.
O grupo que dirige o PT cearense é ligado ao deputado José Genoino, que no entanto não participou da discussão. "Não tenho nada com isso e sou contra o pragmatismo nas alianças estaduais', afirmou Genoino.
Luiz Eduardo Greenhalgh, da Executiva petista, negou que houvesse um acordo para protelar a decisão sobre coligação no Ceará. "O pessoal de lá é que rompeu com a nossa política de alianças", declarou.
Lula considerou "precipitada" a aliança com o PSDB no Ceará. Mas também não endossou totalmente a decisão da Executiva de vetar liminarmente o apoio a Tasso.
"Eu não tenho a clarividência de certos companheiros do partido de que não haverá aliança no Ceará", afirmou Lula.
O virtual candidato referia-se a Markus Sokol, secretário de Comunicação do partido, que dissera na véspera ser impossível o apoio do PT aos tucanos cearenses. Sokol pertence ao grupo "O Trabalho", da extrema-esquerda no espectro petista.
Uma das grandes preocupações de Lula agora é construir alianças estaduais que não o isolem na sucessão presidencial. Mas o trabalho do líder petista enfrenta obstáculos internos.
Em alguns Estados, petistas de vários grupos não aceitam composições que são incentivadas por Lula. A definição acontecerá no Encontro Nacional do PT, no final deste mês.

Colaborou ABNOR GONDIM, da Agência Folha

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