São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 1994
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Uma idéia requentada

THALES DE MENEZES

O norte-americano Donald Messina, amigo de estrelas como Magic Johnson e veterano organizador de eventos esportivos que vão da luta livre às corridas de caminhão, quer ressuscitar a fórmula do World Team Tennis.
Durante a década de 70, os americanos inventaram o World Team Tennis, ou WTT, como era mais conhecido. Por favor, não confundir com o WCT, World Championship Tennis, tradicional circuito criado em 1969.
O WTT era o supra-sumo do tênis de exibição. Numa única noite, colocava frente a frente equipes que disputavam sets de simples (masculina e feminina) e duplas (masculinas, femininas e mistas).
A idéia era genial. Hoje, o público paga para ver dois astros em jogos-exibição que muitas vezes não passam de dois sets rápidos, pouco mais de uma hora de tênis.
No WTT, o público tinha a garantia de ver cinco sets por noite, envolvendo às vezes mais de uma
dúzia de tenistas. Sem dúvida, o ingresso valia cada centavo gasto.
Falastrão, sem nunca ter organizado um torneio de tênis na vida, Messina fala na volta do WTT e não pensa pequeno. Convocou a imprensa durante o último torneio de Indian Wells e lançou a idéia.
Em sua argumentação aos repórteres, enumerou um "dream team". Para ele, a noite ideal teria Sampras x Courier, Graf x Seles, Andre Agassi/John McEnroe x Boris Becker/Michael Stich...
Se realmente quer colocar em prática seu projeto, Messina tem que parar de sonhar e tentar contornar os problemas responsáveis pela vida curta do WTT na década de 70, quando teve pouco mais de uma dúzia de eventos.
Em primeiro lugar, transformar a coisa toda num espetáculo para TV. O WTT tentava obter lucro apenas com ingressos e não tem bilheteria que pague uma dúzia de tenistas de primeira linha.
Outra idéia: utilizar ginásios cobertos e concentrar os confrontos durante o inverno nos EUA, quando há menos torneios no calendário. Afinal, o que matou o WTT foi a pressão dos organizadores de torneios contra a concorrência.
Mais uma idéia: criar equipes patrocinadas por empresas fortes. Será que a Nike não toparia bancar um time de seus garotos-propaganda? E que equipe! Agassi, Courier, McEnroe, Pioline...
Pode ser que o aventureiro Messina não consiga emplacar sua idéia. Mas pode incentivar outros empresários. A fórmula do WTT continua tendo seus atrativos.

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