São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 1994
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Uma das vítimas ainda é desconhecida

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pouco antes de ser executado em Rilleux-la-Pape, um dos sete judeus mortos em junho de 44 cantou uma ária da ópera "Tosca" de Puccini. Na ária, um prisioneiro lamenta sua execução marcada para o início da manhã.
Ninguém sabe até hoje, a identidade desse cantor que, como o personagem, foi executado no início da manhã. O julgamento de Touvier não resolveu o mistério. É o único dos mortos cuja identidade é desconhecida.
O membro da resistência Louis Goudard, que esteve preso mas não foi executado por não ser judeu, disse ao tribunal que ele era loiro e aparentava ter mais ou menos 25 anos.
O promotor do caso Touvier, Henri Leclerc, nomeou as seis vítimas conhecidas. Em seu discurso dirigiu-se ao desconhecido. "Meu amigo, meu irmão em humanidade, você que cantou enquanto aguardava o amanhecer, você é um pequeno fragmento dos seis milhões de judeus massacrados, mas você representa toda a humanidade", disse Leclerc.
Na tentativa de provar que Touvier é anti-semita –principal estratégia da defesa para caracterizar o acontecido como crime de guerra–, uma das principais testemunhas foi o coronel de polícia que o prendeu.
Ele achou Touvier em um mosteiro do sul da Frnaça em 89. Durante o julgamento ele disse ter encontrado suásticas entre a bagagem de Touvier.
"Eu as comprei de um colecionador", disse Touvier à Corte.
Mostrado por seus advogados como um devoto católico que teria tentado salvar mais judeus do que matou, Touvier não conseguiu dizer o Credo, no tribunal.
O Credo é uma oração que resume a doutrina católica em poucas frases e é dita pelos fiéis em todas as missas de domingo.

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