São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 1994
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ONU e sérvios fazem trégua para Gorazde

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os sérvios da Bósnia aceitaram ontem assinar um cessar-fogo com a ONU e interromper a ofensiva que lançam há três semanas contra o encrave muçulmano de Gorazde.
O acordo veio horas depois de advertências da comunidade internacional (inclusive dos tradicionais aliados russos) para cessar o bombardeio sobre a cidade do leste da Bósnia.
O documento garante a presença de forças de paz da ONU na região, que é uma das seis áreas declaradas "protegidas" no ano passado pela ONU.
"O lado sérvio concorda, desde que não seja atacado, com cessar-fogo imediato", diz o texto.
O acordo foi assinado pelo chefe de assuntos civis da ONU, Victor Andreev, e pelo líder do autoproclamado Parlamento dos sérvios da Bósnia, Momcilo Krajinsnik.
Gorazde esteve sob intenso bombardeio durante todo o dia de ontem. Desde o início da ofensiva sérvia, 313 pessoas já morreram.
"A liderança dos sérvios deve parar os ataques sobre Gorazde e deixar a cidade", afirmou o presidente da Rússia, Boris Ieltsin.
O ministro do Exterior russo, Andrei Kozirev, disse que os combatentes sérvios não devem testar a paciência da comunidade mundial.
Os russos já haviam abandonado negociações, afirmando que as tropas que cercam Gorazde estão fora de controle.
A situação do encrave muçulmano levou o secretário-geral da entidade, Boutros Boutros-Ghali, a pedir anteontem à Otan mais ataques em defesa dos encraves.
O líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, advertiu que "seria uma guerra terrível", se a Otan lançasse ataques aéreos.
Ieltsin também pediu a realização de uma conferência entre EUA, Rússia e União Européia para discutir a guerra da Bósnia, que já dura mais de dois anos.
Militares da Otan em Bruxelas (Bélgica) disseram estudar a proposta de Boutros-Ghali.
A intervenção da aliança militar ocidental conta com autorização do Conselho de Segurança quando pessoal da ONU estiver em perigo.
O outro caso é o do raio de 20 km a partir do centro de Sarajevo. Dentro desta aérea, as armas pesadas devem estar sob controle da ONU, ou também serão atacadas.
Ontem, os sérvios retomaram 18 canhões anti-aéreos dentro da zona de exclusão, que estavam sob controle da ONU desde fevereiro.

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