São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994
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Voluntárioscombatemcrime nos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Centenas de cidadãos comuns estão trabalhando sem vencimentos como policiais em Houston, Texas, região centro-sul ocidental dos EUA.
A experiência tem sido considerada bem-sucedida pelas autoridades municipais. O prefeito Bob Lanier diz que houve declínio de 22% no registro de crimes graves na cidade desde 1991, quando o projeto começou.
Houston, com 1,6 milhão de habitantes, renda per capita média de US$ 22.202 anuais, taxa de desemprego de 8,7% da população economicamente ativa, é uma das cidades dos EUA com mais altos índices de criminalidade.
O serviço voluntário de polícia foi proposto em 1990 devido à falta de verbas para ampliar o número de guardas profissionais.
A idéia foi consequência natural de um programa anterior chamado "polícia comunitária", introduzido pela primeira vez no país em Hosuton em 1983 e agora adotado em mais de 400 cidades norte-americanas.
A polícia comunitária tenta transformar os cidadãos em associados da polícia no combate ao crime. Os guardas são alocados na áreas em que nasceram e se criaram e desempenham funções que se assemelham às de assistentes sociais além de apenas manterem a ordem pública.
Quando a Prefeitura de Houston anunciou em 1990 que estava com dificuldades para ampliar seu quadro de policiais, diversos cidadãos comuns se ofereceram para ajudar.
Agora, em algumas delegacias quase todos os policiais são voluntários. Na Sexta Delegacia, por exemplo, só 13 dos 210 guardas são pagos.
No total, desde janeiro de 1991, 116 mil horas de trabalho foram oferecidas à cidade pelos policiais voluntários, o que signficou economia da ordem de US$ 2,5 milhões.
Para poderem atuar como policiais, os voluntários têm que estudar 600 horas em cursos dados pelos profissionais e passar por um exame estadual de habilitação. Aí, recebem uma identificação que os habilita a trabalhar.
Nestes três anos, não houve caso de processo contra a Prefeitura da parte de voluntários requerendo pagamento ou indenização.
Os voluntários têm o mesmo poder de qualquer outro policial. Apesar disso, quase sempre eles recebem missões consideradas como de menor risco.
O prefeito Lanier afirma que casos como o de Rodney King, espancado por quatro policiais em Los Angeles em 1991, têm menor chance de ocorrer quando a polícia opera com o auxílio de voluntários, como em Houston: "Os vínculos com a comunidade são mais fortes", diz.

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