São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994
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De listas e oportunistas; Videogames apreendidos; Imprensa Justiceira; Nova Faria Lima; Aliança PT-PCdoB; Te cuida, Érico; Urgência da paz

DE LISTAS E OPORTUNISTAS

"Nunca me entusiasmei nem pelo jogo do bicho nem pela campanha do Betinho. As duas questões deveriam ser resolvidas de forma transparente pelo Estado, com o auxílio efetivo duma sociedade mais atuante, humana e justa. Tentar execrar, entretanto, quem honestamente vem lutando contra essa hipócrita e desumana omissão, com visível boa vontade, como Herbert de Souza, é consagrar o cinismo como regra de conduta social. Nos estados de necessidade, não há crime. A miséria não é regida pelas mesmas leis daqueles que estão de barriga cheia. Betinho, ingenuamente, mas com coragem, percebeu isso. Ninguém tem o direito de julgá-lo e atirar-lhe pedras. Principalmente os omissos, oportunistas e aproveitadores das contradições sociais."
Tales Castelo Branco, advogado (São Paulo, SP)

"Malfadada a 'Lista de Biscaia', apontada pelo dr. José Carlos Dias (15/04), querendo colocar a atuação funcional do Ministério Público em julgamento. Inconveniente ao falar em apuração silenciosa de seus pares, quando defende o controle externo do Ministério Público. Vale lembrar que o Ministério Público não é órgão de acusação, mas fiscal da lei e titular da ação penal. O princípio da inocência não pode ser confundido com cabulhada defensiva. Se a defesa é um pressuposto, o direito apuratório da sociedade a suprime. O Ministério Público do Rio (ou de qualquer outra unidade) tem o dever de ser transparente, e a boa imprensa a obrigação de divulgar seus atos. Esconder pseudo-inocentes já não mais serve como desculpa para se furtar a lei. O ímpeto de não citar nomes reflete no igual temor em não valorar quem, no futuro próximo, não se mostre tão probo, como se quis pensar."
Marco Antonio Ferreira Lima, promotor de Justiça Militar (São Paulo, SP)

Videogames apreendidos
"Na qualidade de diretor jurídico da empresa Dynacom Tecnologia S/A, citada em nota veiculada em seu periódico de 16/04, pág. 2-3, intitulada 'Polícia apreende videogames', venho, por meio desta, esclarecer o desfecho da mesma. A declaração do diretor-presidente da empresa, sr. Gabriel Almog, baseia-se não só na perícia judicial, como também respalda-se na sentença proferida em 15/04 conforme despacho do M.M. juiz da 19ª vara, dr. José Maria Simões de Vergueiro, que revogou a liminar por ele concedida no dia anterior, por considerar a empresa idônea. Citamos: 'Não apresentando qualquer incorreção', e intimando a requerente a imediata restituição dos videogames apreendidos. Tudo nos termos da cópia anexa, já enviada, aliás, anteriormente à subscritora da nota."
Fábio Ozi, diretor jurídico da Dynacom Tecnologia S/A (São Paulo, SP)

Nota da Redação – Veja correção na seção Erramos abaixo.

Imprensa justiceira
"Marcelo Coelho escorrega feio em seu artigo de 20/04 ('Imprensa assume o papel de justiceiro'). Diz ele, textualmente: 'A rigor, se presumissemos a inocência de Orestes Quércia no caso Israel, nenhuma linha poderia ter sido publicada sobre o fato'. Pois é, mas a culpa do governador não foi até hoje provada. Ao contrário, o que se vê é uma campanha estranha conduzida primeiro pela Folha e depois por 'O Estado', contrariando as mais primárias regras éticas, tratando do caso e de seus personagens como se a história já tivesse sido esclarecida. Não cabe à imprensa 'presumir a culpa'. Além de Quércia, muita gente séria e respeitável tem sido agredida pela imprensa e os danos são irreparáveis."
Henrique Veltman (São Paulo, SP)

Nova Faria Lima
"No último dia 4, o ilustre professor Antonio Candido publicou artigo sob o título 'Em defesa de São Paulo', no qual explica sua posição em relação ao prolongamento da avenida Faria Lima (ele é contra) e contesta o conteúdo de manifesto a favor de algumas iniciativas da atual gestão municipal. A necessidade de complementação da avenida é consensual e reconhecida há três décadas. Esteve presente nos planos diretores dos três últimos prefeitos que antecederam Paulo Maluf: Mário Covas; Jânio Quadros e Luiza Erundina. Portanto esta não é obra de uma gestão, mas necessidade premente da comunidade. Jogar a culpa na 'desenfreada especulação imobiliária' é apelar para a argumentação emocional.?"
Luis Antônio Siqueira Dias, presidente do Movimento Nova Zona Sul (São Paulo, SP)

Aliança PT-PCdoB
"O poeta assim como o jornalista vivem da inspiração do momento. Tem dias que um não pode pegar no lápis e o outro nem adentrar a Redação. Isto deveria ter ocorrido com o sr. Gilberto Dimenstein no dia 7/04. Intolerável o ataque despropositado à velha e conhecida coligação PT-PCdoB."
Luiz Carlos Guimarães Brondi (Ribeirão Preto, SP)

Te cuida, Érico
"Lendo a Folha do dia 17/04, em seu caderno Mais!, tive o desprazer de ver uma insensata e infundada crítica ao grande escritor gaúcho Luiz Antônio de Assis Brasil. Pergunto: quem é essa moça, Marilene Felinto, dita articulista de literatura, para adentrar nos meandros da cultura pampeana e tecer comentários sobre os estilos da linguagem corrente no interior do nosso Rio Grande, expressas de forma magistral em toda a obra de Luiz Antônio, para ser qualificada, pela referida senhora de 'superficial e sem originalidade'. Criticá-lo sobre o uso convencional da linguagem... Ora, sejamos razoáveis! A literatura de Luiz Antônio não visa atender seu microcosmo interpretativo. Ela abrange a universalidade do ser, amiudadamente, em seu habitat. Parece-me, outrossim, que da trilogia do grande Érico Veríssimo, a mesma só conhece num passar d'olhos. Te cuida Érico, na próxima ela te pega!"
Luiz Fernando Gonçalves Bittencourt (Porto Alegre, RS)

Urgência da paz
"Mais um atentado bárbaro vem perturbar o delicado processo de negociações entre Israel e a OLP. A bomba que explodiu em Afula no dia 6 de abril, crime reivindicado pelo grupo Hamas, é tão odiosa quanto as balas que Baruch despejou sobre dezenas de fiéis palestinos em Hebron. Não se pode distinguir a ferocidade destas ações criminosas, já que ambas partem de uma concepção sectária e autoglorificadora da organização da humanidade. O episódio reafirma a urgência da paz. A espiral de violência mina a convivência civilizada entre israelenses, palestinos e árabes, retardando o que os mais lúcidos já perceberam há muito tempo: os povos do Oriente Médio estão condenados a se relacionarem. Isto acabará acontecendo, apesar dos fanáticos, com ou sem solidéu."
Luiz Mendel Goldberg, presidente da Associação Scholem Aleichem (Rio de Janeiro, RJ)

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