São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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PM quer perícia nas listas do jogo do bicho

SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O comandante da PM (Polícia Militar), coronel Carlos Cerqueira, disse à Folha que é a favor de que os documentos achados em imóveis de Castor de Andrade sejam submetidos a perícia, com a qual não concorda o procurador-geral de Justiça, Antônio Carlos Biscaia.
Cerqueira afirmou ter certeza que não foram adulterados por policiais ou pelo Ministério Público.
O comandante acredita que todo o material apreendido pode fazer parte de um esquema de "despistamento" armado pelos bicheiros.
Para Cerqueira, 56, são suspeitas todas as listas apreendidas na "fortaleza" do bicheiro.
"Nunca desconfiei que alguém da PM ou da procuradoria tenha inserido nomes nas listas na hora da invasão da fortaleza. As cópias em poder da PM e do MP são idênticas. Não há diferenças que indiquem uma adulteração."
A perícia, disse o comandante, tiraria dúvidas. O livro-caixa registra a contabilidade do bicho entre 1987 e 94. As folhas avulsas citam valores supostamente pagos entre 90 e janeiro deste ano.
"A perícia verificaria se todas elas foram feitas de uma só vez, o que indicaria fraude."
Segundo o comandante, até agora não apareceu o contador apontado como autor da denúncia que gerou o escândalo do bicho.
Cerqueira diz que um PM foi até a juíza Denise Frossard –que condenou os bicheiros há um ano– dizer que um contador de Castor teria provas do suposto elo entre bicho e drogas.
Interrogado na corporação, o PM que procurou a juíza disse que falou com o contador por telefone.
O contador teria dado o endereço da "fortaleza". Um livro com a contabilidade do tráfico estaria sobre a mesa. A juíza acionou o MP, que planejou a invasão do imóvel.
Quando os promotores foram à "fortaleza" só teriam achado listas com supostas propinas policiais e políticas. "Não havia o livro do tráfico. Depois disso nunca mais se ouviu falar no tal contador."

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