São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994 |
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CD mostra música em estado puro
LUÍS ANTÔNIO GIRON
O CD "I Ching" é a melhor realização do trio. A composição de Marco Antônio Guimarães faz uma leitura sonora do livro chinês num sentido clássico e linear. Nos anos 50, o "I Ching" forneceu um método de improvisação a compositores de vanguarda como o norte-americano John Cage (1913-1992). Em obras como "HPSCHD", por exemplo, Cage queria que o músico lesse o "I Ching" para tocar a partitura segundo o acaso. Marco não entrou no jogo. Preferiu controlar suas regras e realizar uma obra extremamente simétrica e ordenada. Os oito trigramas do clássico chinês servem como operadores rítmicos. As linhas contínuas dos trigramas correspondem a uma nota longa (semínima), enquanto que as linhas interrompidas são traduzidas por notas rápidas (colcheias). Os instrumentos fazem proliferar a combinatória numa suíte. Cada movimento leva o nome de um trigrama. Os instrumentos representam definições do "I Ching". Por exemplo, "Vento" é tocado por flautas. No final, todos os elementos se fundem na bela "Dança dos Hexagramas". Num país de fraca erudição e escassos talentos experimentais, o Uakti é um corpo estranho. E bom de ouvir. (LAG) Disco: I Ching Grupo: Uakti Lançamento: Point Music/Polygram (importado) Preço: CR$ 30 mil (o CD, em média) Texto Anterior: CONHEÇA OS PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DO UAKTI Próximo Texto: Muffin; Laptop; Desvio; Boné; Splish-splash; Croissant Índice |
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