São Paulo, sábado, 23 de abril de 1994
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Sarney aposta em ação contra Quércia no STJ

XICO SÁ

XICO SÁ; MÁRIO SIMAS FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador José Sarney (PMDB-AP), pré-candidato à Presidência, acha que a sua vitória na prévia do PMDB depende da decisão do MPF (Ministério Público Federal) sobre o ex-governador Orestes Quércia.
Cabe ao MPF decidir se denuncia ou não o ex-governador por envolvimento no caso das importações irregulares de Israel.
Quércia é acusado de ter autorizado, quando governava São Paulo (87-91), a compra de US$ 310 milhões em equipamentos israelenses para a polícia e universidades. A compra foi feita sem concorrência pública.
Sarney, Quércia e o ex-governador Roberto Requião (PMDB-PR) disputam a vaga de candidato do partido à Presidência. A escolha será feita por meio de uma eleição prévia entre filiados do PMDB, no próximo mês.
Caso Quércia seja denunciado pelo MPF, a equipe de Sarney pretende enviar imediatamente para os filiados do PMDB um "dossiê" detalhado contendo as acusações contra o ex-governador paulista.
No "dossiê", os assessores do ex-presidente planejam mostrar aos peemedebistas que a candidatura Quércia correria risco até de ser impugnada judicialmente.
Quando decidiu concorrer à prévia do PMDB, Sarney tinha a intenção apenas de ampliar a sua influência política na corrida eleitoral e ajudar a candidatura da sua filha, Roseana, ao governo do Maranhão.
As últimas pesquisas eleitorais e a possibilidade de Quércia ser denunciado mudaram o perfil da candidatura Sarney. As pesquisas apontam vantagem do ex-presidente sobre os seus concorrentes na prévia.
"O partido não tem dono", diz agora o ex-presidente, animado com a possibilidade, ainda que difícil, de vitória.
Sarney está cumprindo um roteiro de campanha, na região Norte do país. Ontem, visitou filiados do PMDB na cidades de Porto Velho (RO).
Por onde passa, o ex-presidente tenta convencer os peemedebistas com o argumento de que é o unico candidato que pode unir o partido.
A vitória de Quércia, segundo Sarney, deixaria o PMDB de alguns Estados, como o Rio Grande do Sul, fora da corrida presidencial. Os gaúchos são contrários à candidatura quercista.
Além do argumento político, o ex-presidente tem prometido resgatar projetos executados no seu governo (1985-90).
Em Porto Velho, prometeu retomar os programas de distribuição de leite e pão.

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