São Paulo, sábado, 23 de abril de 1994
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Livro de estudos sociais revela preconceito

GILBERTO DIMENSTEIN; DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os livros didáticos adquiridos pelo Governo Federal reproduzem os preconceitos contra negros, mulheres, pobres e índios. "O poder público estimula o preconceito", afirmou ontem Valter Garcia, diretor do livro didático da FAE (Fundação de Auxílio ao Estudante).
O ministro da Educação, Murílio Hingel, informou à Folha que sua prioridade número um, agora, é extirpar dos livros didáticos qualquer resquício de discriminação.
Sua opinião está baseada num relatório preparado por 23 professores universitários, escolhidos pelo Ministério da Educação.
São quatros relatórios para português, estudos sociais , ciências e matemática. São adquiridos por ano 67 milhões de livros didáticos, distribuídos para 28 milhões de alunos, ao custo anual de US 110 milhões.
As crítimas mais duras são registradas pela comissão que analisou os livros de estudos sociais. "A grande maioria das obras infantilizam os alunos, não despertam a curiosidade, nem tampouco o espírito investigativo", afirma o relatório.
Segundo o Grupo de Trabalho de Estudos Sociais, os exercício de aprendizagem estimulam a memorização e "repetição mecânica". E acrescenta: "Os autores revelam explícito despreparo no tratamento de conceitos históricos e geográficos"
Os especialistas notaram que a família branca é passada ao aluno como padrão e o negro, frequentemente, aparece em posições socialmente inferiores.
As fotos e gravuras enfatizam, na maiorias das vezes, o branco.
Em alguns livros, repetem-se antigos preconceitos, já superados há muito temnpo por pesquisas históricas. Fala-se, por exemplo, que o índio, por ser indolente e acostumado à liberdade, não adaptou-se à escravidão. Daí a preferência do colonizador português pelo negro.
Impedem que os alunos "se situem no espaço e no tempo da realidade social brasileira, indispensáveis para a formação da cidadania".

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