São Paulo, sábado, 23 de abril de 1994
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COMO TUDO COMEÇOU

DA REDAÇÃO

Leia a seguir os trechos iniciais da entrevista com Fabien Bron, em que ele comenta o começo de sua carreira e suas mudanças na "Bazaar" e os princípios do jornalismo de moda.

Folha - Como o sr, começou sua carreira?
Fabien Baron - Meu pai era diretor de arte do jornal "Libération"e eu sempre me senti próximo de seu trabalho. Estávamos no fim dos anos 60 e o ambiente de trabalho me fascinava. Era sempre bastante intrigante vê-lo trabalhar de maneira tão apaixonada. Mas meu pai dava duro, e isso ficou como um ensinamento.
Folha - Por que decidiu deixar a França e ir para Nova York?
Baron - A América sempre me intrigou. Sempre foi um país que tinha Know-how. Eu fui bastante influenciado pela América, acho que a Europa toda foi influenciada. Eu me perguntava: já que ligo a TV e vejo filmes americanos, já que tanta gente se encanta com a vida americana e com o jeito americanizado de viver, porque não me mudar para cá? Achei que eria mais fácil vindo para Nova York.
Folha - O sr. trouxe muitas mudanças para a "Baazar", tranformando-a na melhor revista. Quais eram suas idéias?
Baron - Eu sempre acompanhei o tratamento dado às revistas de moda. A "Vogue" americana sempre foi bastante comercial. Vendia extremamente bem e servia bem a um tipo de mercado específico. Eu respeitava eles bastante, porque eles também trabalhavam duro. Amava a revista, sua velocidade em captar idéias atuais, o seu bom gosto, sua abordagem jornalística. Quando entrei na "Bazaar" achei que era tempo de fazer algo diferente e não apenas acrescentar uma revista a mais no mercado. Pensei numa revista semelhante, mas de maneira mais sofisticada, para um mercado igualmente mais sofisticado.
Folha - Você trouxe para a "Baazar" o frescor das modelos jovens e magras aos fotógrafos realistas. Agora suas idéias são copiadas, o que acha disso?
Baron - Acho ótimo ser copiado, siginifica que o que estou fazendo está dando certo e que estamos nos tornando uma influência no mercado. Enquanto você é uma influência, sabe que está na direção certa. Fico feliz com isso. Eu nunca reclamo dos plágios. Acho que poderiam ser um pouco mais discretos, trazer algumas pequenas mudanças, mas tudo bem. Como francês também me sinto muito bem; vim para cá com 12 anos e não conhecia ninguém. Tinha US$ 200 no meu bolso e uma namorada americana. Eu me apaixonei pelo país e dei minha contribuição à cultura deles.
Folha - O aspecto moderno de uma revista é importante?
Baron - Na moda, o importante é não estar muito à frente. Boa moda é estar junto com seu tempo. É estar no momento certo e seguir em frente. Não tenho uma preocupação em ser moderno. Moda não é sobre ser moderno, isto é ser "trendy". Nos tornando "trendy" perderíamos o nosso objetivo e acabaríamos sendo úteis a um público restrito, à pessoas que se acham "trendies", mas que não passam de "fashion victims".

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