São Paulo, sábado, 23 de abril de 1994 |
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Na política,'ressuscitou' quatro vezes
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Nenhum homem público nos EUA foi considerado morto para a política tantas vezes quanto Nixon: pelo menos quatro. Ressuscitou em todas elas. Na eleição presidencial de 1952, o jornal "The New York Post" publicou documentos comprovando a existência de um caixa dois na campanha de Nixon. O general Dwight Eisenhower, candidato à Presidência, que havia aceitado a contragosto a indicação do jovem senador para compor sua chapa, deu a ele a chance de se defender, mas estava pronto para substituí-lo. Em 23 de setembro, Nixon ocupou 30 minutos de horário nobre na televisão para uma das mais brilhantes peças retóricas da história recente. Admitiu a existência de um fundo secreto, mas negou ter-se beneficiado dele, exceto para pagar despesas de campanha. Ao final, reconheceu haver ganho um presente ilegal, mas disse que não ia abrir mão dele: o cão cocker-spaniel Checkers, ao qual sua filha Tricia, então com seis anos, se afeiçoara demais. No dia seguinte, impressionado com a reação positiva dos eleitores ao discurso, Eisenhower o confirmou na chapa. Em 1960, Nixon conduziu uma desastrada campanha presidencial e perdeu para John Kennedy. Não poucos acharam que sua carreira estava terminada. Ele insistiu e em 1962 foi derrotado novamente, desta vez para o governo da Califórnia. O próprio Nixon anunciou então o fim de sua vida pública. Mas logo ele estava de volta: em 1968, obteve a indicação do Partido Republicano para a Presidência. Teve 43,4% dos votos e venceu o então vice-presidente Hubert Humphrey (42,7%) e o independente George Wallace (13,5%). Reeleito em 1972 com 61% dos votos, Nixon foi forçado a renunciar em 9 de agosto de 1974. Humilhado, não parecia haver retorno para ele. Mas Nixon conseguiu readquirir prestígio como especialista em política externa e serviu de conselheiro a vários sucessores, inclusive Bill Clinton. (CELS) Texto Anterior: "Eu não sou nenhum escroque" Índice |
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