São Paulo, domingo, 24 de abril de 1994
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Regra favorece o futebol ofensivo

MURICY RAMALHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem chega mais cedo aos estádios, tem visto, nas partidas de aspirantes, um futebol mais ofensivo e menos violento do que o de costume. A causa desse fenômeno é a regra da 11ª falta.
Essa regra acaba com as equipes que abusam das faltas e obriga os técnicos e jogadores que agem assim a mudarem sua mentalidade. Todos os técnicos, inclusive eu, têm insistido nas preleções para que os jogadores evitem as faltas.
Uma infração desnecessária no começo do jogo pode acarretar um gol para o adversário no final. O meu próprio time já foi vítima disso, mas esse fato não me fez deixar de apoiar essa inovação.
A filosofia de jogo do meu clube, o São Paulo, tem se baseado ao longo do tempo num futebol técnico e ofensivo. Os jogadores têm que jogar na bola, só na bola.
Com essa regra, os jogadores mais técnicos podem pôr em campo toda a sua habilidade.
Ela também tira dos jogadores de defesa a sensação de impunidade. Eles agora têm medo de fazer faltas. Já vi lances em que o marcador tirou o corpo para não fazer a 11ª falta e dar ao adversário quase um pênalti de graça. O gol intimida mais do que a expulsão.
Os jogos dos aspirantes têm provado que os jogadores, quando são obrigados a jogar futebol, mostram que sabem jogar.
Mas nem todas as mudanças nas regras são boas. Eu não concordo com a redução da região de impedimento. Isso faz, nos aspirantes, que as equipes mantenham dois atacantes sempre na frente para prender três defensores atrás.
O resultado é um buraco no meio-campo que dá um certo caráter de "várzea" à distribuição dos jogadores em campo.

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