São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
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Desemprego é o único ponto negativo do plano, diz Cavallo

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Em discursos que comemoraram o terceiro aniversário do seu programa de estabilização, na última semana, o ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, disse que "o único dado negativo do plano é o desemprego".
Segundo Cavallo, a taxa de câmbio de 1 peso por 1 dólar, que sustenta a estabilidade da moeda vai ficar assim "por muitos anos".
O presidente Carlos Menem afirma que inflação argentina deve ficar em torno de 4% neste ano (foi de 7,7% no ano passado).
O terceiro aniversário do Plano Cavallo coincide com mais privatizações, agora nos serviços públicos.
Os governos federal e estaduais estão concedendo a empresas privadas, nacionais e estrangeiras, a administração de estradas e de serviços de água e esgoto.
A taxa de desemprego subiu no ano passado, quando 10% dos trabalhadores argentinos estiveram sem emprego.
Esse número, porém, segundo Cavallo, não representa recessão (a redução da atividade produtiva). De fato, a economia cresceu quase 6% no ano passado, mantendo o mesmo ritmo em 1994.
Para o ministro da Economia, o desemprego maior se explica pelo aumento da população ativa (pessoas buscando empregos) com a chegada ao mercado de trabalho de mais jovens e mais mulheres.
A Argentina precisa crescer mais de 6% ao ano para atender ao aumento da população ativa.
Mas isso é difícil. Cavallo acha que o crescimento deste ano vai repetir o de 1993.
O governo terá de tomar medidas para estimular, por exemplo, a criação de empregos provisórios para aliviar o problema.
Na semana passada, o governo argentino comemorou o primeiro ano da privatização do serviço de águas e esgotos de Buenos Aires.
A estatal Obras Sanitárias foi fechada e em seu lugar surgiu a Águas Argentinas, um consórcio de empresas argentinas e estrangeiras, liderado pela multinacional francesa Lyonnaise des Eaux-Dumez, que opera esse tipo de serviços em diversos países.
O regime é de concessão. Por 30 anos, Águas Argentinas vai administrar e ampliar a rede de água e esgoto em Buenos Aires, remunerando-se com as tarifas. Ao cabo do período, o sistema e os ativos voltam ao governo, que poderá assumi-los ou fazer nova licitação.
O consórcio não pagou nada pela concessão. Mas se comprometeu a investir US$ 4 bilhões no sistema, sendo US$ 1 bilhão no primeiro ano. Ganhou a concorrência porque ofereceu a menor tarifa.
O mesmo sistema será empregado nos serviços de água e esgotos de outras cidades. Já vem sendo utilizado na administração de estradas. Empresas privadas tornam-se concessionárias, encarregadas de cuidar da estrada, remunerando-se com o pedágio.
A empreiteira brasileira CBPO lidera um consórcio que administra estradas de acesso a Buenos Aires.
Nesse sistema de concessões, o papel do governo é regulador. Na semana passada, o governo multou duas concessionárias de energia elétrica, por cortes de luz e variações na tensão da corrente.
A multa é de US$ 4 milhões e a forma de cobrança é um achado: as empresas têm de dar descontos aos usuários, proporcionais ao que pagam, no valor total da multa.

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