São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
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Justiça analisa renda de juízes suspeitos

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O Tribunal de Justiça já recebeu da Receita Federal as declarações de renda do banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade e dos cinco juízes citados na lista de propinas do jogo do bicho.
As declarações estão sendo examinadas pelo desembargador Gama Malcher, relator do caso no Órgão Especial do Tribunal de Justiça, que investiga a ligação dos juízes com os bicheiros.
O Tribunal também espera receber esta semana do Banco Central as informações sobre as contas bancárias de Castor e dos juízes, que tiveram o sigilo quebrado.
Os juízes citados na lista são: César Augusto Leite (titular do 3º Tribunal do Júri), Renato Simoni (do fórum da Ilha do Governador, zona norte do Rio), Franklin Belfort Neto (21ª Vara Criminal), Liborni Siqueira (2ª Vara de Menores) e Nery Fernandes de Souza (aposentado).

Biscaia
Hoje o Órgão Especial vai ouvir do procurador-geral de Justiça, Antônio Carlos Biscaia, um balanço sobre as investigações do escândalo do bicho.
Antônio Carlos Biscaia é membro do Órgão, que reúne os 25 desembargadores mais antigos do foro, mas não estava indo às reuniões por falta de tempo.
Amanhã, o procurador-geral denuncia ao Tribunal, por corrupção passiva, dois promotores e dois deputados estaduais citados na lista do bicho.
Até sexta-feira, o Tribunal recebe dos promotores a denúncia contra mais de 120 policiais civis e militares, entre eles mais de 50 delegados, por corrupção passiva.
O bicheiro Castor de Andrade e seu genro Fernando Iggnácio serão denunciados ao Tribunal por corrupção ativa.
O presidente do Tribunal, desembargador Antônio Carlos Amorim, já disse que "vai dar todo apoio" a Biscaia no decorrer do processo contra os citados na lista do bicho.

Covas
O secretário de Polícia Civil, Mário Covas, disse que ofereceu segurança aos promotores do Minsitério Público estadual, mas Biscaia não aceitou.
A recusa, para Covas, não significou falta de confiança na Polícia Civil, que tem cerca de 50 delegados relacionados nas listas de propinas do bicho, segundo o Ministério Público.
O secretário disse que continua disposto a fornecer policiais para a segurança pessoal dos promotores.
Segundo Covas, Biscaia alegou que não havia necessidade porque a segurança estava sendo feita pela Polícia Militar.
Desde o início do caso, no último dia 5 deste mês, o Ministério Público vinha trabalhando exclusivamente com a PM.
"Se eles requisitarem, vamos atender prontamente", disse Covas.

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