São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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O preço da URV

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro Rubens Ricupero dizia e aparentava estar "confiante" na aprovação da URV, ontem no Jornal Bandeirantes. No Jornal da Record, um pouco antes, estava uma das razões para a inesperada confiança. "Rubens Ricupero admitiu que pode renegociar a dívida (dos fazendeiros) para ganhar os 208 votos da bancada ruralista."
São aqueles mesmos votos que tentaram e estiveram perto de passar, quando ninguém prestava atenção, a escandalosa anistia idealizada pela UDR ou pelo que sobrou dela. O valor da anistia, segundo a analista da Record, poderá bater nos US$ 3 bilhões, o que é muito para "um governo falido" –mas "é o preço dos acordos fechados nos bastidores".
Outro PFL
Ainda tem gente procurando ressuscitar a revisão. Não é mais o caso de Luís Eduardo Magalhães, o filho de ACM, que apareceu ontem à noite no moribundo Diário da Revisão para declarar que o PFL não aceita um acordo de lideranças que esqueça a quebra dos monopólios, seu único interesse. Para Magalhães, que quase foi vice de FHC, o acordo de lideranças não é "democrático". Mudou muito, então, o PFL.
Com tudo pago
Leonel Brizola, depois da sua segunda gestão no Rio, tem uma única bandeira possível, como candidato. É a educação. São os Cieps, uma invenção eleitoral que conseguiu reunir obras e serviços. Obras que financiam candidaturas e seduzem os eleitores mais ingênuos. Serviços que são uma prova de que Brizola é um político com sincera preocupação social.
O projeto casa o sonho da educação com as realidades de um sistema eleitoral como o brasileiro. Realidades que são abraçadas sem questionamento pelo brizolismo. É o caso do programa Educação pela TV, que começou a ser apresentado na Manchete. Financiado pelo "Governo do Estado do Rio de Janeiro", ele está lançando a campanha eleitoral do PDT.
É diário, com meia hora, em rede nacional –tudo pago pelo contribuinte do Rio de Janeiro.
Ontem, dizendo abertamente servir para "você conhecer como é o ensino na escola de tempo integral", melhor dizendo, os cieps, o programa entrou com Darcy Ribeiro criticando "a concepção que o Brasil desenvolveu sobre educação". Darcy Ribeiro é o provável candidato brizolista, no Rio. Educação pela TV não passa de um palanque do brizolismo.

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