São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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'Eu quero ter a vida vasculhada'

DENISE MADUENO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

'Eu quero ter avida vasculhada'
Deputado diz que é vítima de 'revanche'
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara julga amanhã o deputado Ricardo Fiuza (PFL-PE). Fiuza se diz seguro de sua absolvição, mesmo sabendo que o parecer do relator, deputado Hélio Bicudo (PT-SP), deve pedir a cassação de seu mandato. Ele considera uma "revanche" a inclusão de seu nome na lista da CPI. A seguir, os principais trechos da entrevista à Folha:
Folha - Onde será mais difícil se defender: na CCJ, primeira fase do julgamento, ou no plenário da Câmara?
Ricardo Fiuza - A comissão tem uma característica diferente. É composta por deputados que são advogados, muitos deles de notável saber jurídico.
A isenção é maior na comissão de Justiça porque analisará o processo de uma forma mais profissional. Tenho convicção que serei absolvido.
Folha - O que o sr. achou do relatório do deputado Hélio Bicudo (PT-SP)?
Fiuza - É um relatório criminoso. Ele transcreveu as acusações da CPI contra mim, não acrescentou a minha defesa e ainda incluiu uma nova acusação sem base. Não há nada contra mim. Só fui incluído na CPI por causa de minha atuação política. Por ter sido leal a Collor, ter participado do Centrão na Constituinte e defender o fim dos monopólios. Há um conjunto de fatores ideológicos e revanchistas contra mim. Os "contras" fizeram isso para invalidar minhas propostas.
Folha - Que apoio que o PFL está dando para o sr.?
Fiuza - O único apoio que eu pedi. Que ninguém pedisse um voto para mim, mas pedisse que eu fosse julgado com isenção. Quero ter a vida vasculhada. Preciso limpar o meu nome.
Folha - O sr. pretende se candidatar nas póximas eleições se for absolvido?
Fiuza - Eu tenho a decisão irrevogável, irreversível, irrecorrível e todos os is que você puder imaginar, de encerrar a minha vida pública agora no sexto mandato. Eu considero que dei tudo à vida pública. Eu passei períodos, como sete anos sem faltar uma semana, mas esse episódio foi muito traumático para mim e eu resolvi sair da política participando de eleições. Perdi a crença.
Folha - O que o sr. fará?
Fiuza - Continuarei político, continuarei estudando, dando aulas como professor de direito comercial e vou descansar.

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