São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 1994
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Almodóvar critica censura nos EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O cineasta espanhol Pedro Almodóvar atacou na última sexta a censura norte-americana, acusando-a de preconceito contra filmes estrangeiros.
Em carta aberta aos principais jornais dos EUA, o diretor de "Áta-me"–condenou a qualificação dada a seu último filme, "Kika", proibido para menores de 17 anos.
A restrição exclui o filme dos grandes circuitos comerciais dos EUA. Almodóvar se disse "insultado e humilhado", considerando a classificação como próxima dos filmes pornográficos.
Os filmes de Almodóvar se caracterizam pelo escracho, recorrendo frequentemente a temas homossexuais ou transexuais.
A classificação é feita pela MPAA (Motion Pictures Association of America), uma entidade privada sem atribuições legislativas. Ou seja, a restrição não vale como lei, mas influi na distribuição dos filmes.
"A atitude da MPAA em relação a 'Kika' é diferente da mantida com o filme 'Instinto Selvagem' (com a atriz Sharon Stone), pela simples razão de que este último foi produzido por um de seus membros", disse Almodóvar.
O diretor espanhol qualificou a associação de "grupo lobista que representa os interesses de certas companhias".
Por fim, Almodóvar afirmou que a MPAA "é movida pelo medo, pela hipocrisia e por um sentido equivocado de paternalismo que se tornou abuso de poder".
Já é a segunda vez que o diretor entra em choque com a MPAA. A mesma classificação havia sido dada a seu filme "Áta-me", em 1990.
Almodóvar resolveu então distribui-lo pelos EUA sem qualificação. É o que provavelmente ocorrerá com "Kika".
A polêmica chega à imprensa norte-americana poucos dias antes da promoção de lançamento do filme, que estréia no país em maio.

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