São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
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Heroína mais pura ameaça EUA

FLÁVIA DE LEON E FERNANDO ROSSETTI
ENVIADOS ESPECIAIS AOS EUA

A heroína driblou a ameaça da Aids e agora pode ser cheirada em vez de injetada. A droga que está sendo comercializada nos Estados Unidos atualmente é mais pura e dispensa o uso de seringas.
O resultado é que depois de ter sido substituída pelo crack –uma mistura de cocaína com bicarbonato de cálcio– na década de 80, a heroína voltou com força.
A pena de prisão perpétua adotada na década de 70 pelo Estado de Lousiana para a comercialização de heroína não está impedindo a ação dos traficantes.
Em Nova York e Washington DC, a heroína voltou a ser considerada uma ameaça pelas agências que lidam com o problema.
"Os jovens perceberam o mal que o crack causa e estão mudando para drogas como a heroína", afirma Linda Fischer, diretora do Programa de Parceria com a Comunidade, de Washington DC.
O crack –que entrou no Brasil apenas nesta década– é comprado em forma de uma pedra. Suas lascas são fumadas. Causa grande dependência psicológica e, se fumado continuamente, leva a pessoa a abandonar qualquer outra atividade –inclusive a higiene pessoal.
O DEA (Drug Enforcement Administration), órgão de repressão às drogas nos EUA, diz que está investigando a possibilidade de a heroína ser atualmente a "droga de escolha".
Isto é, quando crack e heroína são oferecidos, a preferência estaria recaindo sobre esta última.
Segundo Vernon Shorty, diretor do Centro de Reabilitação de Narcóticos Desire (leia texto abaixo), a pureza da heroína dobrou ou triplicou em relação à droga vendida há 30 anos.
O centro está localizado em Nova Orleans, uma das principais cidades do Estado da Lousiana.
"Os traficantes estão tendo sucesso na venda de heroína que não precisa ser injetada", diz.
A heroína foi a droga mais combatida nos EUA durante a década de 60 e 70. Segundo Shorty, ela se espalhou no país durante a guerra do Vietnã.
Foi só no final da década de 70 e durante a década de 80 que a cocaína se disseminou pelo país.
Na forma de crack –que provoca mais efeito a um custo menor–, tornou-se a droga pesada mais consumida dos EUA.
Os jornalistas FERNANDO ROSSETTI e FLÁVIA DE LEON viajaram aos EUA a convite da Usia (United States Information Agency)

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