São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
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Subvenção à pesquisa

MARCELO ANDRÉ BARCINSKI

A pesquisa científica no Brasil passa por um momento crítico. Relegada a último plano desde o governo Collor, sua estrutura de apoio está se desmantelando, sem nenhum sinal, na área governamental, de que essa situação irá se reverter, apesar do esforço de algumas agências de fomento à pesquisa.
A consequência? Pesquisadores desestimulados, buscando em países do Primeiro Mundo melhores condições para sua capacitação profissional. Muitas vezes acabam ficando por lá.
A pesquisa no Brasil depende essencialmente de verbas federais, com exceções, por exemplo, do Estado de São Paulo, que mantém a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), uma das únicas no país que funciona com regularidade.
Mesmo assim, são sentidos os efeitos da ausência de incentivos federais. Ocorre que o sistema federal de apoio, representado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para projetos individuais, e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para os institucionais, está praticamente parado.
Sem uma política para o setor, o sistema não se expandiu, o que significa um retrocesso, pois a ciência internacional não deixa de evoluir. Aqui, o governo concede bolsas de pós-graduação, mas não apóia as pesquisas. Conclusão: ou os bolsistas se formam mal ou vão para fora do país. Com exceção de algumas ilhas de excelência, a maioria dos laboratórios está em situação pré-falimentar.
A lei do incentivo fiscal à pesquisa deve impulsionar a entrada da iniciativa privada neste ramo da ciência, se houver, como se espera, lucidez do empresariado nacional para perceber a importância de investimentos em pesquisa básica. Não deve e não pode, no entanto, substituir o papel do Estado.
Já há evidências do apoio do empresariado à produção científica nacional. É o caso do Laboratório Roche, que concede um prêmio a cada dois anos para um amplo espectro da pesquisa básica e clínica. Além de uma quantia em dinheiro, o pesquisador é premiado também com uma viagem aos centros de pesquisa da empresa, nos EUA ou Suíça –uma oportunidade rara de intercâmbio científico.
O exemplo do Prêmio Roche à Pesquisa insere-se numa circunstrita seara de bons exemplos, como o da Interclínicas, da Casas Sendas e da Moinho Santista, com prêmios para áreas específicas da ciência. E pela primeira vez no Brasil, uma empresa de seguro saúde irá apoiar um departamento inteiro de pesquisa básica em uma universidade pública.

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