São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 1994
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"Asfalto Selvagem" deve virar minissérie da Rede Globo em 95

Armando Antenore

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rede Globo está comprando os direitos de "Asfalto Selvagem", folhetim que o dramaturgo Nelson Rodrigues escreveu para o jovem carioca "Última Hora" entre agosto de 59 e fevereiro e 60.
A emissora pretende transformar a história numa minissérie de 16 ou 20 capítulos. os planos, por enquanto, são de exibi-la durante o primeiro semestre de 95.
As conversas para a compra do folhetim começaram em março, quando a Globo procurou os herdeitos de Nelson, no Rio. Jofre Rodrigues, filho do dramaturgo, está negociando pela família.
Nos próximos dias, deverá assisnar um contrato que transfere à emissora o direito exclusivo de adaptar "Asfalto Selvagem" para a TV – seja sob o formato de novela, minissérie ou caso especial.
Pelo acordo, a Globo terá que concluir a adaptação em, no máximo, cinco anos. Depois, os direitos retornam à família Rodrigues. Nenhuma das partes revela o valor da transação.
Em fevereiro de 93, o mesmo Jofre ofereceu "Asfalto Selvagem" para Daniel Filho, que deixava o comando da Central Globo de Produções 20 meses antes.
Com planos de se estabelecer como produtor independente, Daniel contatou o SBT. Prometia adquirir os direitos do folhetim se a emissora aceitasse convertê-lo em novela.
A cúpula do SBT, incialmente, gostou da idéia. Convocou a imprensa e anunciou que contrataria Daniel. O negócio nunca se concretizou.
Em 112 capítulos, "Asfalto Selvagem", conta a vida de Engraçadinha, "linda e amoral como um bichinho de avenca."
A história se passa nos anos 40 e 50. Começa em Vitória (ES) e salta para o rio.
Entre um afazer doméstico e outro, a personagem principal se vê às voltas com adultérios, suicídios, curra, assassinato, estupros, mutilações genitais e agressões lésbicas.
O folhetim conquistou o público já nos primeiros parágrafos. Era um escândalo, mas todo mundo lia e comentava.
Esperto o editor carioca José Ozon publicou-o em dois volumes no início de 60.
Mais tarde, dirante a década de de 70, o texto saiu também pela Nova Fronteira. Agora, é a Companhia das letras quem acaba de relançá-lo, num único volume de 555 páginas.
O cineasta J.B. Tanko, veterano das chanchadas, levou "Asfalto Selvagem" para as telas em 64.
"A história é ótima, excepcional. Sem contar que Nelson Rodrigues está na moda", diz o diretor Carlos Manga, da globo, justificando por que a emissora decidiu adquirir os direitos do folhetim.

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