São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994
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Por que não Edmundo, Viola e Ronaldo?

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, a alma encantadora das esquinas e dos botecos me pergunta quem eu levaria para o ataque: Edmundo, Ronaldo ou Viola?
A resposta já estava na ponta da minha língua há dois mil anos atrás: –eu levaria os três.
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Aliás, o leitor Márcio Gomes sugere que Parreira leve seis atacantes entre os 22 escolhidos.
Ele argumenta que podem ser convocados menos jogadores de meio-campo, porque os laterais brasileiros também podem exercer esta função, em certos casos, até com melhor qualidade.
Como as pernas dos nossos atacantes serão alvos mais preferidos do que a bola, é preciso ter estoque de avantes durante a Copa. A tese está lançada.
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A alma encantadora das esquinas e –literalmente– dos botecos também me pergunta: quem vai ficar no lugar do Dener no ataque de cinco estrelas?
Por enquanto ninguém. Porque o ataque foi concebido, peça por peça, em função dos grandes atacantes existentes naquele momento.
Como não acredito que os esquemas prevalecem sobre jogadores, é preciso ver se existe a peça de reposição (embora sem o mesmo talento, é verdade) do grande Dener.
No original do meu ataque, Romário, pelo meio, e Muller, pela esquerda, seriam os dois atacantes mais fixos. Os outros três voltariam mais para a zona de criação, de inteligência, de preparação.
Bebeto atuaria pela direita, onde se entende às mil maravilhas com Jorginho. Edumndo e Dener teriam grande liberdade, seriam os Picassos, os Matisses, os Duchamps, os inventores de jogadas.
Talvez o jogador mais indicado para substituir o Dener neste ataque seja outro moleque, o Edílson, do Palmeiras (e, em menor grau, talvez o Viola). Quem sabe?
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Que murmurem, que me importa que murmurem. Mas que a torcida brasileira tinha o direito de ver, pelo menos uma vezinha, Edmundo, Bebeto, Romário, Dener e Muller juntos, ah, isto tinha.
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O Milan bateu o Mônaco por 3 a 0. O Barça bateu o Porto por 3 a 0. Vai ser uma super-decisão da Copa dos Campeões da Europa, em maio, na Grécia.
Mas não nos esqueçamos que, de leve, de leve, o São Paulo já papou os dois.
E com tecnologia 100% nacional –ao contrário dos dois gigantes europeus.
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Arrigo Sacchi liberou seus jogadore para o amor depois dos jogos da Itália na Copa dos EUA. Sachi, o inventor do Milan, continua à frente dos seus colegas treinadores.
Além disso, seria um gesto de lesa-pátria deixar os jogadores do país do chocolate Bacci e patrícios do Ovídio sem a arte de amar –este previlégio dos ociosos.
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A França está fora da Copa. A Inglaterra também está fora da Copa. E, por aqui, também ninguém fala nele. Mas o gaulês Eric Catona é um dos jogadores mais famosos da Europa.
É raro um estrangeiro dar certo no campeonato inglês. Sendo francês, mais raro ainda. Ele conseguiu a façanha de ter sido por duas vezes consecutivas campeão inglês, em times diferentes.
Ele jogou no Leeds e agora está no Manchester. Cantona, que anda de Harley Davidson, foi o primeiro estrangeiro a ganhar o título de melhor jogador no campeonato inglês.
Ele lê filosofia, Rimbaud e foi modelo de Paco Rabanne. "A música do futebol hoje é o heavy metal", costuma dizer.

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