São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 1994
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Flyte Ostell traz a modernidade inglesa

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles são uma das novas coqueluches da moda na Inglaterra. Ellis Flyte e Richard Ostell, ambos com 35 anos, da dupla Flyte Ostell, são os porta-vozes da nova geração de estilistas ingleses.
Ao lado de novatos como Bella Freud, John Rocha e Copperwitt Blundell, a dupla hoje ocupa o posto da jovem guarda, há dez anos ocupado por nomes como John Galliano, Katharine Hamnett e Rifat Ozbek.
Antes de iniciar sua recente parceria em 1991, ambos já eram amigos de longa data e trabalhavam como estilistas. Flyte é escocesa e está em Londres há cinco anos; Ostell é Londrino.
A dupla tem um toque minimalista Suas roupas, exclusivamente femininas, misturam simplicidade e elegância. São feitas a partir de tecidos nobres como seda, microfibra e veludo molhado e cores clássicas como preto, branco e terra.
Enquanto apresentavam sua coleção em Nova York – eles eram os dois únicos "estrangeiros" a fazer isso –, Flyte e ostell falaram à Folha com exclusividade.

Folha - Por que resolveram mostrar sua coleção nos EUA? Vocês são os únicos não americanos presente nos desfiles?
Ostell - No ano passado já mostramos nossas roupas em Paris. Na Inglaterra não há qualquer tipo de apoio para jovens estilistas, nem mesmo durante o London Fashion Week (semana em que os ingleses apresentam suas coleções assim como em Paris e Milão). Por isso sabíamos que os EUA seriam um grande mercado para nós. Existe profissionalismo, uma organização. Tudo e mais fácil, sobretudo para os compradores que não estavam indo a Londres.
Folha - Como a Inglaterra recebe a nova geração?
Flyte - Mal. Tem muita gente nova aparecendo por lá, mas não existe qualquer tipo de ajuda por parte do governo. Se isto torna as coisas difíceis para os grandes, imagine para nós. Existe muita gente habilidosa na Inglaterra, tanto na moda quanto nas artes, mas o espaço para se trabalhar mesmo é fora de lá. Tem um ditado que diz. "Os franceses gastam dinheiro em roupas e os ingleses em suas casas". Para eles, roupas são supérfulas. É uma questão de hábito. Mas isto está mudando.
Folha - Vocês acreditam numa explosão da nova geração, assim como aconteceu com Galliano e Vivienne Westwood?
Ostell - Sem dúvida. Quando começamos, há dois anos, era mais difícil, porque era o começo. Agora acho que as pessoas já estão prestando mais atenção nos jovens que têm talento. as pessoas ignoraram a Inglaterra durante muito tempo. E os ingleses nunca levaram moda à sério.
Folha - Como vêem a moda?
Flyte - Muita coisa mudou. No fim dos anos 80 tudo era voltado para o design. Os 80 marcaram a era do consumismo exacerbado. Era o tempo de se mostrar , mostrar quanto dinheiro se tinha para voltarmos a um período de publicidade.
Folha - Vocês acreditam en simplicidade?
Ostell - Sim. Não vejo razão para se fazer moda influenciada em outros tempos, seja pela era romântica, seja pelos anos 30. Acho importante manter o aspecto moderno sempre. a modernidade dos anos 90 está numa roupa simples bem cortada e elegante. Acho a forma importante, e no nosso, caso é o tecido que vai determinar a forma da roupa.

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