São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Intenção é mostrar boa vontade

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo reeditou a medida provisória da URV (Unidade Real de Valor), mas considera que ela tem poucas chances de ser aprovada antes da criação do real, em 1º de julho.
No esforço de tentar aprovar a MP da URV em maio, o presidente Itamar Franco está reeeditando a MP da URV com a inclusão de mecanismos de recomposição de perdas salariais.
Essa idéia partiu do ministro-chefe do Gabinete Civil, Henrique Hargreaves, e do líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos.
A recomposição das perdas é reivindicada pela maioria dos partidos e foi incluída na negociação com a comissão que analisou a MP.
O Planalto e a assessoria do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, acreditam que a inclusão de mecanismo de recomposição de perdas em reais poderia ser interpretada por grande parte dos parlamentares como um gesto de boa vontade do Executivo.
O grupo de Juiz de Fora (a cidade de Itamar e vários assessores do governo) considera que será difícil obter a aprovação pelo Congresso da MP da URV em maio.
O temor é um aumento do bombardeio dos adversários do virtual candidato do PSDB à Presidência da República, o ex-ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso.
Os obstáculos à votação da MP da URV tenderiam a aumentar após as prévias do PMDB, que serão realizadas entre 15 e 16 de maio, para indicar o candidato do partido às eleições presidenciais.
A análise do Planalto é que Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo, será o vitorioso das prévias do PMDB –eleição interna do partido para indicar o candidato à sucessão de Itamar.
A vitória de Quércia significaria um ataque maior do PMDB ao Plano FHC. Por isso mesmo, o governo reedita a MP da URV com o instrumento de recomposição de perdas salariais para tentar aprovar a medida.
A eventual não-votação da MP da URV até a data de criação do real, prevista para 1º de julho, não afetará o cronograma de lançamento da nova moeda.
O governo está seguro de que o Congresso não teria condições políticas para rejeitar a MP criando o real e fixando as regras de passagem para a nova moeda.
Por essa avaliação, os parlamentares -já envolvidos com as eleições do final do ano- não iriam correr o risco de um desgaste ao rejeitar o real quando a moeda já estiver circulando.

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