São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994 |
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Marina traz a São Paulo melancolia de 'O Chamado'
FERNANDA SCALZO
Show: O Chamado Artista: Marina Lima Banda: Fernando Vidal (guitarra), Willian Magalhães e Marcio Miranda (teclados), André Rodrigues (baixo), Christian Oyens (bateria) e Mario Castro Filho (sax) Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, tel. 252-6255, Lapa, zona oeste de São Paulo) Quando: sexta e sábado, às 22h30, e domingo, às 21h Quanto: de CR$ 15 mil a CR$ 35 mil Depois de Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Curitiba, o show de lançamento do novo disco de Marina, "O Chamado", chega a São Paulo. "O show tem basicamente o repertório do disco", diz Marina. E o disco é intimista, pessoal, fala de perdas. "Mas não é triste, é realista", ela acrescenta. "Como é um disco que fala muito de sentimentos, eu tive que buscar canções no meu repertório e no dos outros que têm a ver com esse momento", diz. Assim, muitos dos sucessos não estão no show. Mas as portas da surpresa estão todas abertas. É ver para onde leva "O Chamado" de Marina. Segundo a compositora, leva aos "caminhos do coração". As canções de seu último disco mapeariam "esse negócio que a gente sabe que tem, mas nunca viu". "Nightie Night", "Pássara 2", "Deve Ser Assim", "It's Not Enough", "Pessoa", a própria "O Chamado", além da explícita "Carente Profissional" falam das perdas. "Eu Vi o Rei", canção que Marina fez com o irmão Antonio Cícero, foi motivada pela perda do pai. "Ter feito esse disco me ajudou a mergulhar numa certa tristeza. Quando você enfrenta uma coisa dolorosa, isso ajuda muito. Depois dá um alívio", diz Marina. "Será que a função da música é sempre só alegrar, sempre divertir? Será que a função da música, ou da arte, não é às vezes também você tentar ir mais fundo nas angústias da alma?" A questão está aí e quem for assistir "O Chamado" poderá compactuar com esse mergulho salutar na tristeza. E sair otimista, como Marina, que não é de hoje que põe fé no "final feliz". "O fato de eu falar, por exemplo, do meu pai e de outras perdas no disco, me deu força para fazer 'O Chamado', que é uma música positiva", diz. Para quem ainda não ouviu, ou não decorou, a música diz: "Esperar ser/ Proclamado/ O grande final, o grande final feliz". Se Marina acredita? "Eu espero. Eu sou otimista com a vida. Se não, eu que era muito impetuosa, muito radical, já teria batido o carro, sei lá. Se não fosse otimista não estaria nem aqui", diz. "Sempre segui muito os instintos. E a maioria das vezes, quem é assim se dá muito mal, sofre muito. Agora já aprendi que as coisas não são assim. O ideal é o meio-termo, esse meu aprendizado". O que também está dito no seu "Chamado". Mais equilibrada, a "jovem senhora" Marina diz ainda que não quer esquecer –e quer até lembrar aos outros– que tem 38 anos. "Eu me sinto muito bem assim, o problema são os outros. São certas mulheres que acreditam muito na mídia, que faz você acreditar que a vida útil de uma mulher é dos 17 anos aos 17 anos e meio." "As pessoas sempre me ligam a uma coisa muito jovem, mas eu tenho 38 anos. Então se isso pudesse servir assim como um exemplo, sem pretensão, para algumas mulheres, seria legal", diz Marina. Texto Anterior: Filme narra conflitos amorosos Próximo Texto: Episódio é inspirado pela escândalo Bobbit Índice |
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