São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994 |
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Aeroanta tem 'lama e caos' de Chico Science
DANIELA ROCHA
Diferentemente do que foi publicado em alguns exemplares, o show da banda Chico Science acontece hoje em São Paulo, às 24h, no Aeronta (r. Miguel Isasa, 404, Pinheiros). Aeroanta tem 'lama e caos'de ChicoScience Chico Science & Nação Zumbi convidam os "mangueboys" e "manguegirls" para o show de lançamento do disco "Da Lama ao Caos" hoje no Aeroanta. O grupo pulou de Pernambuco para São Paulo e logo chamou atenção. Eles misturam ritmos nordestinos, como o maracatu e a embolada, com guitarra e tambores que dão o toque afro. O tema-chave é o mangue: "O manguezal é fértil e Recife está incrustada no mangue", afirma o pernambucano Chico Science. Tanta fertilidade deu origem a um movimento. "Queríamos nos divertir, a cidade estava muito parada." Nasceu do mangue o grupo Chico Science & Nação Zumbi. Em entrevista, Chico mostra o que sabe da tradição nordestina e comenta o estouro que o grupo vive em São Paulo. Folha - Como surgiu a idéia de misturar ritmos tradicionais nordestinos com guitarra? Chico Science - Sempre gostei de experimentar ritmos que já existem, misturar com outros e ver o que acontece. Dessa curiosidade, eu e Nação Zumbi fizemos um show para amigos de Recife, só cerca de 20 pessoas. Todo mundo achou fantástico o resultado. Folha - Até então vocês nem pensavam em gravar um disco? Chico - Já pensávamos. A gente chegou a gravar uma demo. A grana acabou e não deu para bancar uma idéia que já tínhamos: lançar o primeiro disco pelo nosso selo independente: "Chamagnathus Granulatus Sapiens" (CGS), que significa "Homem-caranguejo". Folha - E como vocês chegaram a São Paulo e Rio? Chico - Foi tudo muito rápido. O release Manifesto, feito em grande parte por Fred Zero-Quatro, do Mundo Livre S.A., chamou a atenção do pessoal da MTV e de repente, o movimento começou a tomar forma e nossa música, a conquistar o pessoal daqui. Folha - A que você atribui esse estouro de Chico Science & Nação Zumbi por aqui? Chico - Usamos ritmos tradicionais, mas com toque moderno, com guitarras e samplers. Agradamos aos que gostam das duas vertentes. Misturamos o chapéu de palha com antenas e plugs. A idéia é que todos entendam o que canto. Folha - Mesmo partindo de ritmos regionais? Chico - Claro, temos tradições de muitos anos ainda vivas no nosso folclore. Temos o maracatu rural e o maracatu do baque virado, a embolada, os ritmos africanos. Já viu uma ciranda? No interior de Pernambuco, cirandeiros ficam em frente a mercearias com roupas coloridas e chapéu de palha. Junta gente para bebericar e dançar em roda. É maravilhoso. Folha - Você tem planos de divulgar o trabalho no exterior? Chico - Claro, principalmente porque a língua portuguesa pode ter uma sonoridade universal. No exterior o nosso trabalho é exótico. Mas tenho planos de continuar a estudar os ritmos brasileiros e ritmos de outros países. Texto Anterior: Barbara Hendricks canta no Municipal Próximo Texto: Grupo cria 'glossário' de termos do mangue Índice |
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