São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Siga a carreira do empresário, da TV ao poder

DA "REUTER"

Silvio Berlusconi viveu uma meteórica ascensão ao poder político, apoiada no seu império de mídia, e hoje vive a situação inédita de ser um político iniciante.
Ele levou apenas três meses para atingir o topo, varrendo a velha guarda política que dominou o governo por quase 50 anos.
Agora ele terá que tomar cuidado para evitar a acusação de que buscou o poder apenas para proteger seus interesses empresariais.
Sua campanha eleitoral –produzida por assessores publicitários profissionais– fez uso aberto da TV para apresentar o bronzeado magnata como salvador de um país atolado no pessimismo econômico e convulsionado por escândalos.
"Não existe ninguém na Itália, e possivelmente no mundo todo, que se compare a Berlusconi como comunicador", escreveu seu principal crítico na mídia, Indro Montanelli, no jornal "La Voce".
Berlusconi explorou sua reputação de homem que se fez por conta própria e dono do maior império privado da mídia européia, baseado em "game shows" na TV, novelas importadas e programas de variedades com modelos seminuas.
As câmeras sempre eram posicionadas para mostrá-lo sob o melhor ângulo, ocultando seus 57 anos e minimizando sua calvície.
Sua amizade com o ex-premiê Bettino Craxi, do desacreditado Partido Socialista, e o fato de fazer parte da secreta loja maçônica P2 não afetaram sua campanha.
Quando garoto, esse filho de um gerente de banco de Milão ganhava dinheiro fazendo os deveres dos colegas. Quando estudante de direito, trabalhava no verão como cantor de banda em navios.
Fez fortuna no setor imobiliário nos anos 60, construiu duas cidades-satélites em Milão nos anos 70 e na década seguinte fez de sua empresa, a Fininvest, um grupo gigantesco de TV, publicidade, edição de livros e cinema.
Mas a Fininvest tem dívidas de US$ 2,2 bilhões, feitas sob o próprio sistema político que os italianos hoje desprezam.

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