São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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PSDB da Bahia formaliza apoio a petista

EMANUEL NERI

Descontente com a aliança PSDB-PFL em torno da candidatura presidencial de Fernando Henrique Cardoso, o PSDB da Bahia formaliza às 9h de hoje, em Salvador, seu apoio ao petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Outros setores do PSDB poderão seguir o mesmo caminho dos baianos. É grande o descontentamento no partido com a aliança com o PFL. O episódio da absolvição do deputado Ricardo Fiuza (PFL-PE) agravou a situação.
Mesmo tucanos que não apresentavam maiores resistências ao PFL passaram a temer os estragos que a absolvição de Fiuza poderá causar na candidatura de FHC.
"Como é que vão fazer para proibir o Fiuza de subir no palanque do Fernando?", pergunta o deputado Fábio Feldman (PSDB-SP). Para José Abrão (PSDB-SP), o episódio Fiuza representa um "ônus muito grande" para FHC.
Segundo Abrão, o empenho do PFL e de seu líder, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), na defesa de Fiuza, não pode ser visto como um "fato isolado". "É uma questão comportamental do PFL".
As avaliações no PSDB são de que o episódio Fiuza beneficiou apenas Lula e Orestes Quércia (PMDB). "Agora, se o Lula não ganhar no primeiro turno, Quércia pode ir para o segundo", diz o deputado Tuga Angerami (PSDB-SP).
"Isso reabilita o Quércia e enche o Lula de voto", afirma o senador Dirceu Carneiro (PSDB-SC). Para o senador, a absolvição de Fiuza contribui para diminuir a "desconfiança em relação a Quércia".
"Que moral vamos ter para criticar o Quércia?", afirma Feldman, que, apesar disso, mantém apoio a FHC. "Como vamos atacar o Quércia com o PFL de lado?". O deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) diz que a aliança com o PFL é um "preço muito alto".
"Nós, da Bahia, não vamos pagar esse preço", diz Jutahy, candidato a governador baiano. Todo o PSDB local –seis deputados federais, oito estaduais, um senador e 36 prefeituras, entre as quais a de Salvador– vai apoiar Lula.
"Nós não temos nenhuma afinidade com aqueles que trabalharam incessantemente para a absolvição de Fiuza", declara Jutahy. A reunião de dissidentes do PSDB, segunda-feira, no Rio, poderá levar outros tucanos a apoiarem Lula.
O senador Dirceu Carneiro diz que aguardará essa reunião para tomar decisão coletiva com os outros tucanos descontentes.
A insatisação no PSDB aumentou ontem com a declaração de FHC de que a dissidência tucana pode apoiar Lula. "Não sabia que o Fernando tinha essa tendência suicida", declara Angerami.
A rebeldia atingiu ontem outros setores do PSDB. Estudantes peessedebistas da USP, PUC, Mackenzie e Fundação Getúlio Vargas divulgaram em São Paulo manifesto repudiando o acordo com o PFL.

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