São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Fundão em URV começa na segunda-feira

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central autorizou ontem os bancos a criarem fundos de renda fixa –os chamados "fundões"– vinculados à URV (Unidade Real de Valor).
A nova aplicação pode começar a ser operada a na segunda-feira.
Segundo Alcides Lopes T pias, presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), todo o mercado estar operando o novo fundo em uma semana.
"A principal vantagem é que vai indexar o sal rio em URV, com uma aplicação de curto prazo em URV", afirma.
Os fundões em URV deverão superar em rentabilidade os fundões atuais. "A rentabilidade dever ficar em torno da variação da URV", disse o presidente do BC, Pedro Malan. Os fundões atuais rendem abaixo da URV.
A pequena vantagem de rentabilidade em relação aos fundos atuais -os FAFs (Fundos de Aplicações Financeiras) é por causa da sua composição e tributação.
Como não ter papéis que rendem muito pouco, como TDEs (Títulos de Desenvolvimento Econômico), que estão no FAF, o ganho ser maior.
Além disso, o novo fundão ter tributação pelo Imposto de Renda de 30% sobre os rendimentos acima da variação da Ufir (indexador dos impostos).
Essa regra não dever alterar a rentabilidade da aplicação, porque a URV e a Ufir têm variação quase equivalente.
O nome oficial do novo fundão é Fundo de Renda Fixa–Curto Prazo. A aplicação ter rendimento e liquidez di ria e cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nos saques feitos antes do 16º dia útil após o depósito.
Essas características são as mesmas dos fundões atuais.
Os bancos vão operar o novo fundo rapidamente, mas as mesmas comodidades oferecidas pelo FAF demorarão mais um pouco.
"Vai levar um tempo até adaptarmos os sistemas para o resgate autom tico e comandos de aplicação nos terminais eletrônicos", explicou Alfredo Setúbal, diretor de investimento do Itaú.
Geraldo Carbone, diretor do Banco de Boston, afirma que o mais importante ser definir qual ser a taxa de juros dos CDBs e os títulos federais em URV.
Segundo as normas editadas ontem pelo BC, as aplicações no fundão em URV serão feitas em cruzeiros reais. O dinheiro aplicado corresponder a um número de URVs que dever se manter até o saque, desde que este não seja sujeito a tributação.
Os dois tipos de fundão vão conviver até a criação da futura moeda, o real. Não est definido o que acontecer com as aplicações após o real, segundo Malan: "O mercado é que decidir ", disse.
O mais prov vel é que pelo menos os fundões atuais sejam extintos após o real. Como essas aplicações rendem abaixo da inflação, perderão a vantagem sobre a conta corrente em real se a inflação se aproximar de zero.
Segundo as normas do BC, o fundão em URV dever aplicar os recursos dos investidores em um conjunto de títulos públicos e privados (CDBs, RDBs e letras de câmbio) indexados à URV.
Como ainda não foi criado o títulos público em URV, os bancos poderão utilizar, temporariamente, papéis com outros indexadores que estavam na carteira de seus fundões até 20 de abril.
Além disso, o novo fundão poder aplicar o dinheiro em depósitos no BC, que renderão a variação da URV mais juros de 3% ao ano.

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