São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Justiça quebra sigilo de assessor de Fleury

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz-corregedor Francisco Galvão Bruno quebrou ontem o sigilo bancário do delegado aposentado e assessor do governo estadual Conrado José de Pilla.
Serão investigadas as movimentações bancárias de Pilla durante os governos Quércia e Fleury (desde 86), para os quais o delegado aposentado trabalhou como assessor na Secretaria de Governo.
O motivo da investigação é o aparecimento do nome "dr. Pilla" ao lado do número de dois telefones da assessoria do governador Luiz Antônio Fleury Filho em uma agenda do bicheiro Francisco Plumari Junior, o "Chico da Ronda".
A agenda foi apreendida na terça-feira passada na fortaleza (central de apuração de apostas) de Chico da Ronda, na Casa Verde (zona norte de São Paulo).
Nos telefones da assessoria do Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista), que estão na agenda, uma secretária anota os recados de Pilla.
A decisão do juiz se baseou em dois pedidos de quebra da sigilo bancário –um da Corregedoria da Polícia Civil e outro da Promotoria de Justiça da Cidadania.
"Queremos apurar a veracidade das notícias sobre Pilla", disse o promotor Nilo Spínola Salgado Filho, que conduz a investigação.
O objetivo da apuração, segundo o promotor, é encontrar provas para a abertura de um inquérito contra Pilla com base na lei de enriquecimento ilícito.
Na tarde de ontem, foi expedido um ofício para o Banco Central a fim de que ele rastreie todas as contas bancárias de Pilla no país.
O patrimônio do delegado aposentado no Estado está sendo investigado pela corregedoria, que também requisitou as declarações de imposto de renda dos últimos cinco anos do delegado.
Pilla deverá depor no inquérito que apura as ligações do bicho com o crime organizado na próxima segunda-feira.
Segundo a Secretaria do Governo, Pilla deixou seu cargo no palácio em novembro de 93 para ser assessor jurídico do Baneser.
O delegado recebe seus salários pelo Baneser desde o dia 10 de setembro de 91. Sua matrícula nessa empresa é 022.488-4 e é acompanhada da sigla "Prajud".
Fleury disse ontem, no palácio, que Pilla nunca foi seu assessor. "Eu nem sei onde ele trabalhava. Determinei uma investigação rigorosa sobre o fato."
Ontem, a corregedoria fechou uma fortaleza do bicheiro conhecido apenas como "Piu-Piu", na Lapa. Nove pessoas foram presas. No local, foram apreendidos talões de apostas, telefones e máquinas de calcular.

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