São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
Próximo Texto | Índice

Barrichello sofre acidente em Imola

FLAVIO GOMES
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA

O acidente mais grave do ano na Fórmula 1, até agora, teve como consequência uma nariz quebrado, um braço ralado engessado e uma costela trincada.
Seu protagonista foi o piloto brasileiro Rubens Barrichello, da equipe Jordan, que no próximo dia 23 de maio completa 22 anos.
Ele escapou da morte por pouco, ontem no circuito de Imola, no norte da Itália.
Barrichello bateu seu carro às 13h16 da Itália (8h16 de Brasília), durante o primeiro treino oficial do Grande Prêmio de San Marino de Fórmula 1.
O acidente aconteceu na entrada da Variante Baixa, curva de alta velocidade do circuito que recebe amanhã a terceira etapa do Campeonato Mundial da categoria.
Naquela curva, ele estava acelerando seu carro a 220 km/h.
Rubinho perdeu o controle do carro, subiu na "zebra" (pequena lombada de concreto colocada nas curvas para evitar que os carros saiam da pista) e decolou (saiu do chão).
O Jordan passou sobre a barreira protetora de pneus e bateu de lado na tela de aço de proteção diante de uma das arquibancadas do autódromo.
Em seguida, mergulhou na proteção de pneus, caiu na grama do acostamento lateral e capotou duas vezes antes de parar com as rodas para cima.
O capacete do piloto quebrou, provavelmente por ter batido no cockpit. Ele também cortou os lábios.
A equipe médida de Imola levou seis minutos para tirá-lo do carro. Ele estava desmaiado e o cuidado foi para evitar qualquer problema na coluna cervical.
Ele foi atendido no hospital da pista onde foi submetido a uma tomografia computadorizada.
Depois, foi levado de helicóptero para o Hospital Maggiore, de Bolonha, a 35 km de distância.
Barrichello não corre amanhã. Passou a noite de ontem num quarto com três camas no segundo andar da ala masculina de emergência do hospital.
O piloto não lembra do acidente, sequer do lugar onde aconteceu. Ele recobrou a consciência antes de ser levado ao ambulatório do autódromo.
Disse que tudo aconteceu muito rápido. "Não deu nem tempo de rezar", falou.
Quando "acordou", a primeira coisa que Rubinho perguntou ao médico oficial da FIA, Sid Watkins, foi: "Quem bateu em mim?" Logo depois, recebeu a visita de Ayrton Senna no hospital.
Disso Barrichello lembra. "Ele pegou na minha mão. O Christian também estava por lá, mas eu não vi", contou.
Fittipaldi, rival no início da carreira e hoje um de seus melhores amigos, recebeu de Rubinho uma mensagem gravada.
"Cri, vê se acelera essa bagaça aí, meu. Não tô aí, pega as duas melhores posições, divide por dois, larga entre os seis primeiros que você vai chegar lá", mandou dizer ao colega.
Rubinho deve sair do hospital amanhã. Vai ficar sob observação médica por causa do desmaio.
No final da tarde, deitado em sua cama, disse que a maior vontade era "sair logo" dali. "Para poder guiar meu carro de novo", encerrou.
LEIA MAIS
Sobre o acidente e o GP de San Marino nas página 3 e 4

Próximo Texto: Senna esteve no hospital
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.