São Paulo, sábado, 30 de abril de 1994
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Saída para o impasse

MARCELO BERABA

SÃO PAULO - a convicção coletiva de que a revisão consitucional de fato acabou já gerou um novo debatre – como fazer, a partir de agora, para que ocorram as reformas que o país exige.
Esta Folha defende a criação de uma assembléia revisora exclusiva. A assembléia seria eleita ainda este ano e os eleitos estariam impedidos de disputar a eleição parlamentar.
Teríamos, portanto, um grupo de cidadãos voltados exclusivamente para a tarefa de repensar o país a partir da reforma da atual Constituição de 88 e sua fracassada revisão.
Acho que dificilmente teremos um Congresso tão desgastado como o atual . É um Congresso que se mostrou incompetente para o exercício legislativo. Abriu mão do poder que lhe foi conferido para mexer na constituição.
Repito: é um Congresso que não foi invalido, não foi fechado, não foi cerceado, mas que mesmo assim se absteve. Por pura incompetência para exercer um poder outorgado pela Constituição.
Deve ser um caso inédito. É nítido que quem dá as cartas não são os partidos políticos, mas as corporações suprapartidárias.
É nítido que as abstenções e os casuísmos impediram as reformas políticas capazes de revitalizar os partidos e as instituições e devolver a credibilidade ao Congresso.
E é tão forte este descrédito hoje que qualquer ato é visto sob suspeição. a absolvição do deputado ricardo Fiuza (PFL-PE) é um exemplo.
As provas apresentadas foram insuficientes para condená-lo. Mas ninguém está preocupado em discutir a tecnicidade do julgamento. Há a suspeita de que houve algum acordo secreto para absolvê-lo. A desconfiança é generalizada.
Dentro deste contexto, seria imprecindível que os atuais partidos e seus congressitas fizessem um esforço supremo e final para buscar uma alternativa séria para o impasse que criaram.
Não gostam da idéia de uma assembléia revisora exclusiva? Muito bem. E o quê propôem?

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