São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Petista é político profissional há 13 anos

JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Luiz Inácio Lula da Silva se apresenta aos eleitores como um candidato operário, um torneiro mecânico. Mas há exatos 22 anos não veste um macacão.
Lula abandonou a linha de montagem da Indústria Villares em 1972. Hoje, é um político profissional.
Nos registros contábeis do PT, os vencimentos de Lula estão assim divididos: 855 URVs fixas, mais 500 URVs de verba de representação. O partido paga também todas as despesas do seu candidato com viagens oficiais.
Antes de se profissionalizar como político, Lula viveu um dilema. Não sabia o que faria a partir de 1981, ao término do seu segundo e último mandato como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo.
"A única coisa que aprendi foi ser torneiro mecânico", disse ele em 1979. "E mesmo assim acho que desaprendi... Também não sou fanático por política. Não faz muito meu gênero. Acho que vou voltar para o trabalho na fábrica". Não voltou.
Lula havia entrado na Villares em 1966. Era considerado um funcionário inexpressivo. Depois de sua eleição para a presidência do sindicato, em 1972, licenciou-se de suas funções e tornou-se um problema para a empresa.
A direção da Villares achava que Lula utilizava sua fábrica como "laboratório" das greves que o tornaram famoso na década de 70. Como dirigente sindical, ele negociava diretamente com seus empregadores. O principal interlocutor de Lula era Carlos Villares, um dos diretores da empresa.
Em 1981, após a fundação do PT, a cúpula da Villares aceitou graciosamente uma proposta de acordo que previa a demissão de Lula. O desligamento foi oficializado no dia 6 de maio daquele ano. Desde então Lula, antes voltado para o sindicalismo, se dedica exclusivamente ao PT.
O dinheiro que recebe do partido é insuficiente para o pagamento de suas contas. Desde 89, o candidato mora de favor num sobrado de três quartos, em São Bernardo. A casa é do advogado Roberto Teixeira, simpatizante do PT.

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