São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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Acordo com credores reforça filiais no país

Patrimônio das subsidiárias aumenta US$ 430 milhões

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos estrangeiros aumentaram seu poder de fogo em US$ 430 milhões para atuar no mercado financeiro.
Esta injeção representa reforço de capital da ordem de 18%. Crescem de um patrimônio total de US$ 2,5 bilhões para quase US$ 3 bilhões.
O sistema financeiro privado nacional, por sua vez, detém capital de US$ 10,9 bilhões. Para um banco, aumentar o patrimônio significa maior poder para emprestar, comprar títulos e realizar negócios.
O incremento financeiro conseguido pelos bancos estrangeiros foi possível por cláusula do acordo da dívida externa assinado entre credores e o Brasil.
Pelo termo contratado, o Brasil permitiu a conversão de US$ 1,6 bilhão de títulos da dívida por investimento na subsidiária local.
Esses dólares representam juros não pagos pelo Brasil. Os bancos que aceitaram essa opção subscreveram menos de 30% do disponível, somando US$ 430 milhões.
O restante foi trocado por outros tipos de papéis. Segundo Alcides Amaral, vice-presidente do Citibank, a opção pelo aumento de capital aconteceu entre os bancos que querem crescer no Brasil.
O Citi, por exemplo, reforçou sua capacidade patrimonial em US$ 60 milhões através do mecanismo de conversão. "Contamos com o dinheiro para alavancar o banco no futuro", afirma Amaral.
Os US$ 430 milhões foram trocados por títulos especiais do Tesouro Nacional, com prazo de 12 anos e juros de 12% ao ano. O pagamento dos juros começa daqui a sete anos.
Os dólares são contabilizados no balanço dos bancos na conta de patrimônio. Eles ganham mais músculos no Brasil por conta disso.
É que o modelo financeiro mundial segue a lógica do endividamento. No Brasil, um banco pode realizar negócios financeiros até 15 vezes mais do que o seu patrimônio registrado no balanço.
Se um banco como o ABN Amro, um dos maiores da Holanda, capitalizou US$ 16,4 milhões com conversão de dívida, significa que ele amplia sua capacidade operacional em 15 vezes este valor.
Ou seja, poderá fazer empréstimos, comprar títulos ou dar crédito a exportadores da ordem de US$ 245 milhões. E gerar mais lucros.
No caso particular do ABN Amro, representou também a possibilidade de emitir US$ 65 milhões em eurobônus. Com o capital anterior, de cerca de US$ 100 milhões, o banco não poderia fazer isso.
"Antes, estávamos limitados", afirma Antônio Carlos Simões Corrêa, diretor da instituição.
Outras instituições ambicionavam ampliar sua presença no Brasil. Ian Dubugras, diretor do JP Morgan, conta que a instituição completa, com a capitalização de US$ 36 milhões no banco, um plano de expansão iniciado em 1988.
Também conta para esses bancos se preparar para o fim da inflação no Brasil, reforçando o capital.
Por entender assim, o sócio austríaco do BBA Creditanstalt converteu US$ 11 milhões da dívida brasileira em capital no BBA. Os sócios daqui aplicaram outros US$ 11 milhões.
No caso do ING Bank, também holandês, houve a decisão de capitalizar US$ 24,3 milhões.

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