São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994 |
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Controle da Cianê pode passar para funcionários
DA FOLHA NORDESTE Os empregados da Cianê (Companhia Nacional de Estamparia), fabricante de fios e tecidos, estão se organizando em uma associação para assumir o comando da empresa pelo sistema de autogestão. A mudança depende de um empréstimo do Banespa.Mais de 800 trabalhadores da empresa já aceitaram participar da associação. Devem se transformar em sócios da Cianê. A idéia de autogestão surgiu há um mês. A empresa diminuiu a produção e parte dos equipamentos foi retirada da fábrica de Ribeirão Preto e levada para a matriz, em Sorocaba. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Ribeirão Preto, José Duarte Vaz, 37, que é funcionário da Cianê, foram os próprios trabalhadores que sugeriram a autogestão. "Nós pedimos que eles deixassem as máquinas e passassem a administração para nós", diz. A associação está tentando um empréstimo de US$ 6 milhões junto ao Banespa para financiar capital de giro e matéria-prima. O gerente industrial da Cianê e presidente da associação, Kazuo Sugahara, diz que sem o empréstimo a autogestão não funciona. "A empresa está terminando com os estoques, que dão só para dois meses, e nesse período temos que conseguir o dinheiro". Vaz, do sindicato, diz que os que não aceitarem participar da associação vão receber as indenizações. "Nós ainda não temos como pagar, mas com o empréstimo poderemos acertar a situação". Para obter o empréstimo, a associação tem que apresentar estudo de viabilidade econômica ao Banespa. O estudo está pronto e mostra que a empresa pode dar lucro. A estimativa é que o faturamento seja de US$ 1,8 milhão por mês, o que daria um lucro de US$ 200 mil por mês, diz Sugahara. A associação não garante que todos os trabalhadores que optaram por continuar na empresa terão emprego imediato. "Nós vamos começar com 700 empregos e ir recontratando aos poucos. Em quatro ou cinco meses queremos estar com os mil empregos de volta", afirma Vaz. Cada funcionário terá que dar 15% do salário para um fundo de reserva da associação. Ele servirá para pagar o empréstimo, que está sendo negociado com juros mais baixos e carência de dois anos. Os membros da associação terão cotas de participação na Cianê. A autogestão teve adesão de 70% dos funcionários da empresa. Anteontem, a Cianê demitiu 630 dos 1.200 trabalhadores de sua unidade em Ribeirão Preto, segundo Luiz Antonio Lucas, 42, supervisor administrativo. A demissão já era esperada. A indústria estava funcionando com metade de sua capacidade havia um mês e os demitidos estavam em licença remunerada. A Cianê tem dívidas trabalhistas de US$ 2,7 milhões. Os empregados vão receber como pagamento os equipamentos da indústria, avaliados em US$ 2,7 milhões. Texto Anterior: Receita envia último lote de restituições Próximo Texto: Gastos com ginástica podem ser deduzidos Índice |
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