São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Campeões já nascem prontos para o esporte

VICTOR MATSUDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O esporte voltou à moda. Ele andou longe dos jovens por algum tempo. Parecia completamente "off" suar –um sofrimento sem qualquer sentido.
Hoje, estamos na era do esporte-marketing, o esporte-tecnológico, o esporte-ciência. Investe-se cada vez mais nos atletas. Não podemos nos dar ao luxo de confiar no "achômetro".
Hoje, sabemos que os melhores esportistas são fruto de genótipo –características hereditárias– e treinamento.
Se você quer ser um grande talento esportivo, precisava ter mais cuidado ao escolher seus pais. Mas não fique cabisbaixo –esta regra vale para todos.
É aqui que entra a ciência: eu sei que os jogadores de basquete são altos. Mas que altura eles têm? E que altura eles têm em cada idade? E que altura têm em cada nível esportivo?
Nos países em que esporte é ciência pode-se responder a estas perguntas com certeza. O Brasil foi medalha de ouro em medicina esportiva, na Olimpíada de Barcelona. Criamos modelos que nos permitem encontrar talentos.
Por esse modelo, conseguimos saber o quanto um garoto que quer jogar basquete, por exemplo, é alto. É feita uma escala em vários graus para sabermos em que grau o (futuro) atleta difere da média das pessoas.
Há gente alta, é verdade, mas quando comparamos com a média das pessoas, percebemos que há outras milhares de pessoas com a mesma altura –ou mais altas. Esta pessoa tem chances, por exemplo, de ser o melhor jogador de basquete da escola. Mas jamais será um astro da NBA!
Essas tabelas e testes existem para cada aptidão necessária a cada posição de cada esporte. Isso porque as aptidões de um zagueiro central do futebol são muito diferentes da de um atacante de ponta do vôlei ou de um pivô do basquete.
Normalmente, para ser um atleta de seleção brasileira, o jogador precisa estar quatro pontos acima da média. Chamamos este coeficiente com a letra Z. Quem tem Z igual a zero está na média. Quem tem Z igual a dois pode ser um jogador razoável. Os gênios têm Z igual a seis –pouquíssimas pessoas no mundo tem condições físicas para ser melhores. Algumas têm Z negativo. Isto quer dizer que elas estão abaixo da média, e podem precisar de tratamento de médico.
Agora, que não se imagine que os testes de coeficiente Z servem apenas para os grandes atletas. A medicina esportiva pode ajudar no tratamento de falhas na formação física, na manutenção (para pessoas que estão na média), aperfeiçoamento (para aqueles acima da média.
Pouquíssimas pessoas são escolhidas pela natureza para poder receber este último tipo de condicionamento.

O colunista Marcelo Paiva está em férias.

Texto Anterior: ALPINISTAS URBANOS; BAGEL É UM PÃOZINHO; VEJA ESTA CANÇÃO; ESTUDANTES ENTRAM DE GRAÇA; MAIS CINEMA
Próximo Texto: Carolina Campoi, 15
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.