São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994 |
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Festival de Artes Cênicas começa hoje
ANA FRANCISCA PONZIO
A maratona começa hoje, no Teatro do Sesc Pompéia, com o espetáculo dos Dervixes Rodopiantes da Confraria Mevlevi. Até domingo estréiam mais seis atrações, entre dança, música e teatro. Organizado por Ruth Escobar e Emílio Kalil, o Festival investiu US$ 3 milhões para trazer 353 artistas distribuídos em 26 grupos de 14 países. Além das Secretarias de Cultura do Município e do Estado, e da Fundação Castro Alves de Salvador (Bahia), as despesas estão sendo pagas por mais dez patrocinadores privados. O 4º Festival retoma os eventos semelhantes organizados por Ruth Escobar em 1974, 76 e 81. Marcados pelas circunstâncias políticas da época, os festivais anteriores tornaram-se simbólicos no movimento contra o regime militar. Hoje já não é mais preciso mudar nomes de peças para fugir aos censores –a exemplo do espetáculo de Bob Wilson apresentado no 1º Festival como "Vida e Época de Dave Clark" (no original o nome próprio era Iosif Stalin). Livre de causas ideológicas, o Festival deste ano proporciona uma visão abrangente da produção cênica contemporânea. Certamente, deixará clara uma tendência: os limites cada vez mais tênues entre diferentes linguagens. O exemplo mais contundente da mistura de expressões talvez fique por conta da Companhia Maguy Marin. No espetáculo "Waterzooi", que será apresentado a partir de quinta-feira no Teatro Municipal, o elenco de Marin promete confundir as referências normais. Desta vez não virão monstros sagrados, como Bob Wilson, Jean Genet ou Jerzy Grotowski (que chegou a ser convidado mas recusou por estar doente). Para compensar, o Festival conta com a participação do grupo Cricot II, fundado pelo legendário diretor polonês Tadeusz Kantor, que morreu em 1990. Com atrações para todos os gostos, o festival traz até um coral de gospels do Harlem nova-iorquino: o Mount Moriah Baptist Church. Representando o Brasil, há cinco grupos brasileiros, de teatro e dança. Todos mostrarão espetáculos inéditos. A Cia. do Bixiga encenará "A Gaivota", de Tchekov, num cenário especialmente criado por J.C. Serroni no porão de 2.000 m2 do Centro Cultural São Paulo. Outra atração brasileira de teatro é um espetáculo-solo: "O Homem com a Flor na Boca", de Pirandello, com o ator Cacá Carvalho. Além do Balé Stagium, a programação de dança lançará a mais nova companhia brasileira, a República da Dança. Completando, há o Grupo Corpo que, em estilo inverso ao atual, apresentou seu primeiro sucesso, "Maria Maria", no Festival de Artes Cênicas de 1976. Texto Anterior: Centrífuga; Alberto Roberto; 3X4; Id Próximo Texto: PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL Índice |
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