São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Expozebu lança opção nelore-brahma

DO ENVIADO ESPECIAL A UBERABA

A 60ª Expozebu marca a abertura do mercado dos Estados Unidos para o nelore brasileiro, conquistado após a entrada da raça brahma (norte-americana) no Brasil.
Rômulo Kardec de Camargos, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), afirma que foi aberta uma via de comércio de duas mãos que trará muitos dividendos para os pecuaristas nacionais.
O primeiro grande negócio neste sentido foi assinado na semana passada.
A empresa Nova Índia Genética, com sede em Uberaba, e a norte-americana Cardinal saíram na frente e formaram uma parceria para o intercâmbio de sêmem e embriões de nelore e brahma.
"Está claro que o brahma não veio para competir com o nelore, mas para ser usado no cruzamento industrial e acrescentar na parte comercial", afirma Rogério Tila de Queiróz, sócio da Nova Índia.
Para o criador texano, Brad Cardwell, da Cardinal, "o nelore representa a melhor opção a ser usada como base para cruzamentos".
Assim, os pecuaristas brasileiros já têm à disposição material genético selecionado de brahma. Segundo as empresas, será possível obter através da mistura destas raças, animais precoces para abate com 17 arrobas aos 18 meses.
A maioria dos criadores presentes na feira aposta na união do nelore com o brahma como forma de "combater" o cruzamento industrial do nelore com raças européias, realizado em grande escala no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul para a obtenção de novilhos jovens e pesados.
"Achamos que o melhor caminho para alcançar precocidade e boa produção de carne é o cruzamento entre raças zebuínas", diz José Raposo Bezerra, que faz seleção e cria gado de corte em Açailândia (MA).
As discussões nos bastidores também identificaram a febre aftosa como o maior inimigo da pecuária, pois inibe as exportações brasileiras de carne.
"Apesar de toda tecnologia disponível, as empresas estrangeiras que dominam o mercado dispõem de vacinas antiquadas", diz Dirceu Borges, pecuarista associado da ABCZ e que trabalha com seleção genética.
Segundo ele, a solução seria criar um laboratório nacional com financiamento privado para produzir medicamentos eficientes.
"Isto não é sonho, mas um projeto que estamos desenvolvendo e divulgaremos na hora certa", diz Dirceu Borges.

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