São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Amos reúne platéia de `estranhos' em Londres

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

A música melódica e ultralírica de Tori Amos, 30, recheada de letras que falam de desespero, sexo e violência, fez dela uma "rainha dos nerds (estranhos)", na sua própria definição.
O seu segundo disco solo, "Under The Pink", que já está disponível nas lojas brasileiras este mês, ocupou o primeiro lugar da parada britânica, repetindo o sucesso do disco de estréia, "Little Earthquakes" (91), que vendeu até hoje 1,5 milhão de cópias em todo planeta.
Gravado numa "hacienda" no Novo México (sul dos EUA), "Under The Pink" traz 12 músicas compostas por Tori. A melhor é "Cornflake Girl", onde ela deixa claro a sua maior virtude, lembrar a grande cantora norte-americana Kate Bush.
Os shows de Tori aqui em Londres ficam repletos de adolescentes "estranhos", a maioria mulheres, ávidas por uma palavra de comforto e compreensão, que ela talvez tenha aprendido a expressar devido à educação que recebeu do pai, um pastor metodista.
Nascida na Carolina do Norte (leste dos EUA), Tori começou a estudar piano aos quatro anos. Ouviu muito Fats Waller, Nat King Cole, Led Zeppelin e Jimmy Hendrix.
Passou boa parte dos anos 80 tocando em hotéis e bares de Washington, cantando standards de Gershwin (ela canta "Summertime" ao piano no show) e hits como "Feelings" (canta trecho durante o show). A carreira só começou mesmo após ela se mudar para Los Angeles.
Descalça, de calça jeans e camiseta regata vermelha, sozinha no palco com seu piano, a figura hippie-new age de Tori leva boa parte de platéia ao delírio, principalmente as mulheres, que gritam sem parar declarações de amor à cantora.
Recebem em troca canções falando de esperança e tempos melhores, como em "Pretty Good Year", a primeira faixa do novo disco. E também o sempre presente tema da sexualidade e violência, como em "Icicle", onde fala de masturbação em meio a Bíblias e repressão religiosa, cantada de pernas abertas no show.
Tori sofreu um estupro quando tinha 20 e poucos anos e diz que depois disso sexo nunca foi a mesma coisa.
Ela diz no show que a maioria das músicas dela são "mulheres" e que tem dificuldades às vezes de falar com homens. Gritos de delírio de mulheres na platéia. Ela rebate: "Calma, eu também gosto dos homens".
Ela vive com Eric Rosse, que produziu o novo disco com ela, e prometeu "abandonar as pílulas" em algum momento da turnê atual.

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