São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Globo veta referências à campanha eleitoral

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Nenhum programa da Rede Globo, exceto os jornalísticos, poderá fazer qualquer referência às eleições gerais de outubro e novembro.
A determinação está em um memorando que a emissora baixou no último dia 11.
José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, vice-presidente de Operações da Globo, assina o documento –que tem uma página.
Pelo menos seis pessoas o receberam: o diretor-geral de programação, Roberto Buzzoni, e os diretores artísticos Carlos Manga, Paulo Ubiratan, Roberto Talma, Walter Lacet e Maurício Sherman.
É a primeira vez que a Globo transmite, por escrito, determinações sobre campanhas eleitorais.
Em eleições anteriores, a direção da emissora preferia passar apenas recomendações verbais.
O memorando do dia 11 dá uma pista sobre as razões que motivaram a mudança de postura.
Logo no início do documento, Boni afirma que a Globo está preocupada em se resguardar de eventuais acusações de favorecimento a este ou aquele político.
O memorando proíbe, "terminantemente", alusões "à campanha eleitoral ou partidos, bem como entrevistas com candidatos."
Também veta qualquer menção visual, "direta ou indireta, a partidos e ideologias políticas".
Entre as "referências visuais" que o documento proíbe está "a exibição de siglas partidárias ou emblemas de campanha em camisetas, roupas em geral, botons e cartazes."
O memorando determina, ainda, que os participantes de programas ao vivo assinem um termo de compromisso declarando-se informados sobre as restrições.
O termo de compromisso deverá deixar claro que a Globo pretende acionar judicialmente todos aqueles que, depois de assiná-lo, não respeitarem as proibições.
Eri Johnson
Em março de 1993, a Globo rescindiu o contrato do ator Eri Johnson por sua aparição na campanha parlamentarista caracterizado como Reginaldo, personagem da novela "De Corpo e Alma".
A Globo não permite que seus atores usem personagens de novelas em campanhas publicitárias ou políticas sem autorização prévia.
Na propaganda parlamentarista, Reginaldo afirmava que, se o telespectador achasse boa a situação do país naquele momento, deveria apoiar o presidencialismo.
Johnson pediu desculpas à emissora e foi reincorporado à empresa.

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