São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994 |
Texto Anterior |
Índice
Política científica deve priorizar o setor industrial
MARCELO LEITE
Ontem foi dia de balanço no Seminário Internacional de Avaliação e Propostas para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A síntese dos três estudos foi feita por Hélio Barros, secretário de Planejamento do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia). Ele apontou os muitos pontos de consenso, como a necessidade de recompor investimentos no setor. O Brasil investiu nos últimos anos não mais do que 0,7% de seu PIB em C&T (Ciência e Tecnologia). Países desenvolvidos chegam à casa dos 3% de PIBs muito mais encorpados. Sem reverter essa situação, todos concordam, o país ficará para trás na corrida da competitividade. "A política de C&T não pode restringir-se ao desenvolvimento intrínseco dos grupos de pesquisa, unicamente a partir de programas de formação de recursos humanos ou do financiamento à pesquisa básica", diz o documento-síntese. "A parceria deverá ser firmada prioritariamente com a política industrial, inclusive para abrir o financiamento das fontes privadas", prossegue a análise do MCT. A idéia, portanto, é não só pôr menos ênfase na pesquisa acadêmica, mas também comprometer mais a iniciativa privada com o esforço de capacitação tecnológica. Empresas brasileiras investem hoje 0,7% de seu faturamento em P&D (pesquisa/desenvolvimento). Diretrizes Estas são as diretrizes extraídas pelo MCT dos três relatórios: Áreas prioritárias - novos materiais, engenharia genética e biotecnologia, tecnologias da informação e da automação industrial, energia e meio ambiente; Qualidade e eficiência - disseminar sistemas de avaliação, assegurar recursos para os centros de excelência já existentes, melhorar critérios de seleção de bolsistas no exterior, modernizar as agências de financiamento; Prioridade política - coordenar política de C&T com a de outros ministérios e agências, criar um Conselho de Ciência e Tecnologia vinculado à Presidência da República (projeto já encaminhado ao Congresso), com seis membros do governo e seis "notáveis"; Educação - reformar o sistema educacional de modo a capacitar os indivíduos para as novas exigências da produção, com ênfase nas chamadas habilidades básicas (administrar informação, acumular conhecimentos, resolver problemas novos). Como diz o economista Claudio de Moura Castro, "a lógica é simples: quem sabe mais aprende mais e aprende mais depressa. Quem aprende mais depressa tem mais chance de ganhar a competição". Os relatórios O seminário do MCT foi financiado pelo Banco Mundial e organizado pelo cientista político Simon Schwartzman, da USP. Schwartzman coordenou também um dos estudos. Os outros dois foram chefiados por Luciano Coutinho (Unicamp) e Francisco Biato (Ministério da Economia). A conta foi paga pelo Banco Mundial e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Texto Anterior: Telefones podem ligar bicho do Rio ao de SP Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |