São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
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Ibsen será julgado na próxima terça

DENISE MADUENO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pedido de cassação deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) será julgado na próxima terça-feira, dia 10, pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
A definição da data do julgamento de Ibsen –um dia antes do julgamento final de Fiuza no plenário da Câmara, dia 11– faz parte de uma estratégia montada por líderes que querem ligar os dois processos.
Fiuza e Ibsen são os dois acusados de maior peso político na Câmara. Os dois ocuparam a liderança dos partidos e Ibsen foi presidente da Câmara.
As lideranças de diversos partidos apostam no julgamento de Ibsen para inverter os dois últimos resultados da comissão na votação no plenário.
A CCJ inocentou os deputados Ricardo Fiuza (PFL-PE) e João de Deus Antunes (PPR-RS). O julgamento final do pedido de cassação cabe ao plenário da Câmara.
Vários líderes procuraram o presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), preocupados com a repercussão negativa das absolvições. Inocêncio se reuniu com o presidente da CCJ, José Thomaz Nonô (PMDB-AL). Eles acertaram o calendário dos julgamentos.
As lideranças acreditam que se Fiuza for inocentado no julgamento final, nenhum outro acusado será punido. O resultado comprometeria a imagem da Câmara e os votos na próxima eleição.
Fiuza, Antunes e Ibsen Pinheiro estão entre os 18 parlamentares acusados de corrupção pela CPI do Orçamento.
Segundo as lideranças que articulam a reação, o julgamento de Ibsen vai prejudicar Fiuza. Se Ibsen for inocentado, haverá uma reação da população. A Câmara será criticada pela impunidade.
Em consequência, admitem os líderes, que não querem se identificar, a tendência será cassar Fiuza como resposta aos eleitores. Inocentar Ibsen também será entendido por muitos deputados como uma prova de que um acordo político entre o PMDB e PFL foi a causa da absolvição de Fiuza.
Na hipótese de Ibsen ser condenado, haverá uma reação do PMDB que não vai aceitar que o ex-líder do partido seja o único parlamentar de peso político a ser punido. A consequência também seria a cassação de Fiuza.
"Não acredito que houve acordo político para inocentar Fiuza, mas terça-feira será a prova de fogo. O julgamento de Ibsen vai dissipar as dúvidas e vamos saber se aconteceu esse suposto acordo", afirmou o presidente da CCJ.

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