São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
Próximo Texto | Índice

Preços sobem 2,61% acima da URV

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Os preços médios pesquisados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em São Paulo subiram, em abril, 2,61% acima da URV (Unidade Real de Valor). Em março, sobre fevereiro, o diferencial foi de 1,77%.
A Fipe divulgou a inflação em cruzeiros reais referente a abril. A taxa saltou para 46,22%, contra 41,94% em março.
O resultado surpreendeu o mercado financeiro, que teve de se ajustar. As taxas de juros subiram e as Bolsas de Valores fecharam em baixa (leia texto na pág. 2-6).
Juarez Rizzieri, coordenador do índice de preços da Fipe, recomenda cuidado na análise da taxa em URV. Ela tem fortes componentes sazonais, produtos que sempre sobem neste período do ano.
A taxa em URV foi a 2,61% porque o índice da Fipe, um dos três que corrigem este indexador, também foi elevado em abril.
Rizzieri diz que se os outros índices que compõem a URV, como o IGP-M e o IPCA Especial, tiverem o mesmo acompanhamento da Fipe, a taxa será de deflação, já que a pressão de abril foi menor que a de março.
Em abril, a URV variou 42,60% (valor do último dia de abril contra o último de março). Os três índices utilizados para calibrar seus valores diários tiveram o seguinte comportamento: 45,43% no IPC da Fipe na terceira quadrissemana, 40,91% no IGP-M e 41,25% no IPCA Especial.
Rizzieri e Heron do Carmo, assistente de coordenação do IPC da Fipe, evitam falar em "inflação em URV" porque, na realidade, os preços variam em cruzeiros reais. A URV é por enquanto uma unidade de conta.
Os preços em cruzeiros reais, convertidos em URV, tiveram taxa acumulada de 10,6% de janeiro de 93 a abril de 94, com variação média mensal de 0,6% em 16 meses. Saúde e transportes pressionaram.
A aceleração dos preços no setor de saúde, devido aos remédios, foi de 25,1% em URV no período. Já os reajustes das passagens de ônibus provocaram alta de 34,6% no setor de transportes.
A pesquisa da Fipe mostra que dois setores estão com perda real no período: habitação (-3,1%) e vestuário (-11,7%).
Os preços em cruzeiros reais foram convertidos pela URV média semanal até fevereiro de 94. A partir de março, os preços em cruzeiros reais foram convertidos pela URV do próprio dia da pesquisa.
A entidade passará a divulgar semanalmente a variação dos preços em URV.
No IPC em cruzeiros, os maiores aumentos no mês ocorreram entre alimentos industrializados (51,69%), habitação (47,34%), despesas pessoais (48,41%) e vestuário (47,72%).
A inflação acumulada no primeiro quadrimestre é de 302,36% em São Paulo, com liderança de material escolar (363%), tecidos (357%), linha telefônica (356%) e produtos "in natura" (353%).
Para maio, Rizzieri prevê taxa menor do que a de abril. Alimentos e aluguel devem subir menos, enquanto vestuário continuará pressionando.
IBGE
A inflação medida pelo IBGE no Rio e São Paulo voltou a subir na última semana de abril. O índice de 31 de março a 29 de abril, para quem ganha até 40 salários mínimos, foi de 42,95%.
A alta foi de 1,47 ponto percentual em relação ao período de 23 de março a 22 de abril, interrompendo um movimento de queda registrado nas primeiras semanas do mês passado.
Para a faixa de renda de um a oito salários mínimos a alta dos preços chegou a 43,69%, superando em 2,25 pontos os 41,44% do período anterior.

Colaborou a Sucursal do Rio

Próximo Texto: Café na praça; Queda de braço; Muitas xícaras; Idade do grão; Contribuição ao plano; Imagem enxuta; Participação crescente; Ajuste inflacionário; Antes do real; Pescoço longo; Fé na URV; Ocupando espaço; Lembrança oportuna; Na loteria; Chance de zebra; É fria; Conter a bolha; Medidas complementares; Na adversidade; Caminho do lucro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.