São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
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"Leolo" dilui Alain Resnais ao buscar um cinema da memória

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Leolo" é um filme canadense que parece francês –no mau sentido, e não só por causa da língua, mas principalmente pelo maneirismo de seu estilo e pela difusa pretensão de "profundidade".
O ponto de partida do filme é a luta de um garoto de Montreal, Leolo (Maxime Collin), para preservar suas fantasias e, ao mesmo tempo, escapar da loucura que parece assolar toda a sua família.
Como é narrado em "flashback" e em pelo menos dois planos narrativos (além dos fatos mostrados, há um homem que lê cartas escritas por Leolo), o roteirista e diretor Jean-Claude Lauzon caiu na tentação de experimentar uma estética nebulosa, em que realidade e imaginação não se distinguem muito bem.
O resultado é uma diluição das tentativas de Alain Resnais de transformar em imagens as armadilhas da memória e do tempo.
Há um refrão repetido com voz solene e irritante pelo narrador –"Porque eu sonho, eu não sou"– que poderia servir de máxima a esse tipo de cinema inflado, impalpável e aéreo, feito de fusões, transparências, filtros dourados e melancolia chique, onde nada "é", tudo "representa".
Em todo caso, tem quem goste. O filme concorreu ao Oscar de filme estrangeiro e fez uma razoável carreira no circuito de festivais. No Brasil, foi visto por pouca gente nos chamados cinemas de arte.

Vídeo: Leolo
Produção: Canadá, 1992, 105 min.
Direção: Jean-Claude Lauzon
Elenco: Maxime Collin, Ginette Reno
Lançamento: Top Tape (tel. 011/257-6300)

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