São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994
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Supermercado atrasa uso da URV

DA SUCURSAL DE BRASÍLIAE DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor ainda vai custar um pouco a encontrar preços em URV no comércio, principalmente nos supermercados.
A portaria autorizando os comerciantes a apresentarem seus preços apenas em URV foi assinada ontem pelo ministro da Fazenda, Rubens Ricupero. As notas fiscais, porém, continuam em cruzeiros reais.
O assessor especial de preços da Fazenda, Milton Dallari, disse que pediu aos supermercados que mantenham os seus preços em cruzeiros reais, apesar da portaria.
E o pedido de Dallari será atendido, já que o próprio setor afirma ter muitas dificuldades para a adoção rápida dos preços em URV.
"Nossos problemas são puramente operacionais", afirma Firmino Rodrigues Alves, vice-presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados). "Gostaríamos de praticar preço em URV, já que os fornecedores já urvizaram suas tabelas".
Entre essas dificuldades, Alves cita que "o país conta com 400 mil caixas registradoras, e apenas 200 mil teriam condições de operar imediatamente com a conversão de URV para cruzeiro real na hora do pagamento", afirma.
Alves argumenta ainda que conversões feitas "na boca do caixa" trariam ao consumidor o "risco de ser lesado, por erro de cálculo, e não ter como provar".
Além disso, segundo o vice-presidente da Apas, os custos necessários para fazer modificações nas máquinas podem não se justificar agora. "Como a nova moeda deve circular já em 1º de julho, modificações temporárias podem não compensar", afirma.
As mudanças exigiriam ainda procedimentos burocráticos junto à Secretaria da Fazenda do Estado, que fixa normas para funcionamento das máquinas no que se refere a registros, usados depois para calcular os impostos.
José Milton Dallari informou que irá se reunir na próxima terça-feira com os supermercadistas, para discutir a transição dos preços para a URV e tentar estabelecer um cronograma.
Quarentena
Raul Sulzbacher, diretor-coordenador do Conselho de Shoppings da FCESP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), estima que no máximo em 30 dias 90% dos lojistas vão estar praticando preços em URV.
Sulzbacher comemorou ontem o que chamou de "fim da quarentena da URV" e avalia que ela chegou na hora certa. "Começamos a entrar na prática na nova moeda", afirma.
Para o coordenador da FCESP, a portaria traz normalidade ao mercado. "Apesar de mais de 90% dos fornecedores já venderem em URV, tínhamos que comercializar em cruzeiros reais", diz.
Também a ACSP (Associação Comercial de São Paulo), com uma perspectiva até mais otimista, vê que a medida do governo chegou no momento certo.
"Apesar da proibição, alguns comerciantes já operavam apenas em URV. E em menos de 30 dias a adesão será completa", prevê Lincoln da Pereira, presidente da entidade.
A medida é positiva, segundo Pereira, porque leva o consumidor a se acostumar com a nova moeda. "Ele vai começar a perceber que os preços se manterão estáveis".
O governo resolveu baixar a portaria para estimular a adesão dos comerciantes à URV. É mais um dos preparativos que antecedem a troca do cruzeiro real pelo real, a nova moeda.
A data de criação do real será comunicada na próxima semana pelo presidente Itamar Franco, provavelmente através de cadeia de rádio e televisão.
A portaria autoriza o uso de etiquetas em URV, mas os comerciantes terão de colocar em lugares visíveis o valor da URV do dia para que o consumidor possa fazer a conta e saber quanto pagará.
Não será adotada nenhuma regra para converter em URV os preços em cruzeiros reais.

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