São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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Leda Collor completa 600 dias em coma

Segundo médicos, estado é irreversível

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Leda Collor de Mello, 78, completa segunda-feira 600 dias em estado de coma.
Ela ocupa desde outubro de 1992 um apartamento no oitavo andar do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Sofreu três paradas cardíacas a 17 de setembro daquele ano, 12 dias antes da votação do impeachment de seu filho, o ex-presidente Fernando Collor.
O acidente cardio-vascular teria sido provocado pelo consumo de antidepressivos em quantidade não recomendada.
As paradas cardíacas produziram um quadro de esquemia cerebral difusa (lesões no cérebro) e comprometeram sua motricidade e a capacidade de interpretar estímulos externos.
Seu estado é irreversível e de há muito estacionário.
A Folha apurou que sua internação já custou algo em torno de US$ 210 mil.
No ano passado, um litígio em torno das despesas resultou, por quatro meses, na cessação dos pagamentos ao hospital.
Seus cinco filhos argumentavam que a internação deveria correr por conta da Saúde Bradesco, companhia de seguros.
Mas a apólice de que ela era titular limitava a três meses o período anual de tratamento hospitalar. A questão foi resolvida em outubro último.
Ao nomear um dos filhos, Pedro Collor, como curador das Organizações Arnon de Mello, a Justiça determinou que a aquela empresa familiar, sediada em Maceió (AL), arcasse com os custos.
A Bradesco Seguros, o hospital e a família não quiseram comentar o assunto.
"Tem-se a impressão de que minha mãe identifica a presença de seus visitantes, porque abre com frequência os olhos e chega a movimentá-los", diz Pedro, autor das denúncias que levaram ao impeachment.
"Mas, em verdade, os médicos asseguram que ela perdeu a capacidade de decodificar o que sente e enxerga", acrescenta.
O ex-presidente visitou a mãe uma única vez, antes que ela deixasse o hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro.
O filho mais velho, Leopoldo, teria estado uma única oportunidade no Einstein. Tanto ele quanto o ex-presidente, procurados pela Folha, não quiseram dar declarações.

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