São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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Aumenta consumo da classe A

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os lojistas que comercializam produtos típicos para a classe A, de maior poder de compra, estão animados com o entusiasmo dos seus clientes.
Sempre fiéis, mesmo nos tempos de recessão, esses consumidores privilegiados estão comprando 30% mais neste ano, em média, do que em igual período de 1993.
Para os revendedores de roupas, sapatos, jóias, carros, eletrodomésticos, eletrônicos e presentes destinados a esse público seleto, a abertura do mercado às importações trouxe mais opções de compra. Isso estimulou o consumo.
E mais: o produto nacional ganhou qualidade para enfrentar os concorrentes estrangeiros. "A classe A está mais motivada a gastar no país", diz Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da consultoria Gouvêa de Souza & M.D..
A Beneduci, especializada na venda de calçados, bolsas e confecções, registrou do início do ano até agora aumento de 65% na sua receita –de US$ 300 mil para US$ 490 mil por mês–, na comparação com igual período de 1993. Os seus sapatos custam US$ 150, em média.
"A classe A não esnoba mais. Ela sabe muito bem qual é o custo-benefício de um produto. Ela quer mesmo qualidade", afirma Ornella Beneduci, gerente comercial.
Para ela, o Brasil está saindo da recessão. A Beneduci, com cinco lojas espalhadas na região Centro-Sul do país, tem cerca de 25 mil clientes e acredita ter espaço para obter um número três vezes maior.
Gouvêa de Souza lembra que o bom desempenho das Bolsas nos primeiros meses deste ano gerou dinheiro execedente para as aplicações financeiras que, por consequência, estimulou o consumo desse público investidor.
"As taxas de juros no Brasil estão altas e isso faz com que o consumidor que tem aplicação no exterior traga dinheiro de volta para o Brasil."
Os carros importados que circulam pelas ruas, continua ele, mostram o ânimo da classe A para consumir. A M.M.C., distribuidora exclusiva da Mitsubishi Motors no Brasil, revela seus números.
No ano passado, a empresa comercializou 3.000 veículos. Para este ano, a previsão é a de chegar a 4.500, informa Eduardo de Souza Ramos, diretor-presidente.
O número de revendas pulou de 20 (início de 1993) para 47. "Estamos indo para outras regiões do país." Está aí, na sua análise, a explicação para o aumento das vendas.
Os eletrodomésticos para a classe A também são mais procurados. A Supplier, distribuidora dos produtos da GE Appliances no país, comemora.
Nos seus cálculos, o público alvo da Supplier são 7 milhões de pessoas –ou 5% da população brasileira. "Achamos que daqui a cinco anos esse público será de 10 milhões de pessoas."
Para ele, o consumidor de alto poder aquisitivo "é muito interessante. Pode e quer comprar produto com qualidade. Assim, fica mais fácil vender". Um dos refrigeradores mais sofisticados da GE custa US$ 4.700.
A demanda por produtos exclusivos e não-convencionais também aumentou. A Bya Barros Antiguidades e Presentes está desde o início do ano até agora faturando 30% mais do que em igual período do ano passado.
Um dos produtos que tem mais saída, conta a proprietária Bya Barros, é o vaso-maçã, que custa cerca de CR$ 20 mil.
O vaso é de barro. Nele, está espetado um ferro enferrujado com uma maçã in natura na ponta. "A ferrugem alimenta a maçã e tranquiliza o ambiente", garante. Outro produto bem procurado é a cadeira-rede, que custa US$ 80.

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sobre consumo na pág. 2-3

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