São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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Gisele Zelauy se prepara para voltar

GUTO BARRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Gisele Zelauy desfilou anteontem em São Paulo, pela primeira vez depois de seis anos. Modelo de consagrada carreira internacional, 27 anos, Gisele mora em Nova York com seu marido, o fotógrafo Fabio Toscano, e o filho Zata, de três meses de idade.
Desta vez, Gisele desfilou para a estilista brasileira Marilene Hannud, mas anuncia que vai voltar em julho, "com outra cabeça".
Enquanto isso, diz não acompanhar muito "a máfia daqui" e critica a ausência de uma identidade brasileira na moda. Leia a seguir trechos da entrevista exclusiva que concedeu à Folha , em que comenta também a manequim feita a partir de suas feições: "É tão engraçado estar andando na rua e dar de cara comigo...".

Folha - Você tem acompanhado o mundo da moda no Brasil?
Gisele Zelauy - Essa máfia da moda? Eu tenho acompanhado muito pouco, só estou sabendo que tem acontecido muitos desfiles. É difícil falar porque estou longe de tudo, não estou entendendo o que está acontecendo. Eu vi o desfile da Valisère e achei que a qualidade do show já está bem melhor do que há alguns anos. A qualidade da música e principalmente com a locação. Em Nova York, a preocupação com a locação já mudou um pouco, esse ano todos os desfiles foram feitos em tendas. Aqui eu acho que as pessoas deveriam ter uma identidade brasileira maior, principalmente na forma de apresentar. Não existe uma identidade brasileira de verdade.
Folha - O que você achou do desempenho das modelos?
Gisele - É tão difícil falar disso. É engraçado ver as modelos da minha geração como a Beth Lago, a Virginia Punko, que saíram do país, trouxeram alguma coisa lá de fora, mas estão aqui, trabalhando nesse mercado nacional. Aqui as modelos aparecem sempre com um pé lá fora, elas sempre se parecem com alguma que está lá na Europa. Todo mundo pega uma imagem que está servindo para aquela temporada e copia um pouco, mas isso é normal.
Folha - Qual estilista brasileiro que você mais se identifica?
Gisele - Eu gosto muito do Ocimar Versolato. Somos muito amigos. Agora o meu marido, Fabio Toscano, está produzindo o próximo desfile dele em Paris. Sua coleção está na loja Bergdorf Goodman, em Nova York, junto com o meu manequim, na vitrine.
Folha - Como foi feito o manequim?
Gisele - São várias poses diferentes em tamanho natural feitas pelo Pucci Manneken, que já fez também da Christie Turlington. Tem um na Ralph Lauren, outro na Ann Taylor e agora na Bergdorf. É tão engraçado estar andando na rua e dar de cara comigo...
Folha - Você parou de trabalhar com a sua gravidez?
Gisele - Fiquei um ano sem fazer praticamente nada, sem pegar um avião. O único desfile que eu fiz foi o da Donna Karan, com sete meses de gravidez. Foi um desfile que teve uma grande repercussão, foi muito comentado.
Folha - E esse desfile é o seu primeiro trabalho depois da gravidez?
Gisele - Sim, e esse é o meu primeiro desfile no Brasil em seis anos. Agora eu vou voltar, mas com outra cabeça. Quero começar em julho, depois fazer os desfiles de outubro. É quando a imprensa está toda reunida e é mais fácil entrar em contato com todo mundo.
Folha - Você tem planos de se dedicar à carreira de atriz, a exemplo de outras modelos?
Gisele - Eu tenho planos, mas ainda não tenho nada concreto.
Folha - O que você considera pontos altos de sua carreira?
Gisele - O desfile da gravidez, para Donna Karan. Foi o momento de mostrar às pessoas que gravidez é uma coisa bonita, que dá para misturar a moda com o fato de ser mãe. Eu não me senti diminuída pelas outras modelos. Eu tinha 17 quilos a mais, mas estava me achando ótima.
Folha - Como você vê o mercado das modelos atualmente?
Gisele - O que me choca muito é essa mania das modelos magras e toda essa histeria em torno de não se comer mais. É uma coisa que dá medo, não há mais preocupação com saúde. Eu não entendo isso. O que eu gosto no momento é o aproveitamento das modelos mais velhas e também a mistura de modelos negras e diferentes.

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