São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
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Mínimo cai 29,5% em dez anos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O poder de compra do atual salário mínimo, de 64,79 URVs, teve queda de 29,5% entre os anos de 1983 e 1993.
Nesse período, o PIB (Produto Interno Bruto -medida de toda a riqueza nacional) cresceu 31,5%.
Os dados constam em relatório elaborado pelo Ministério do Trabalho e apresentado na comissão interministerial que discute o aumento de 50% do salário mínimo até dezembro deste ano.
Quando comparado com o custo médio da cesta básica entre janeiro de 1992 e março de 1994, o salário mínimo ficou 28% abaixo. Ou seja, compra cada vez menos produtos da cesta básica.
o relatório ainda aponta que o salário mínimo anual pago ao brasileiro representa apenas 7,54% da renda nacional.
Nos Estados Unidos, ele chega a 15,76%, na Espanha fica em 14% e em Portugal chega a 16,29% da renda.
Enquanto o brasileiro recebe um salário mínimo anual de US$ 777,48, o trabalhador espanhol que recebe um mínimo chega ao final do ano com um salário de US$ 7.116,00, segundo o documento do ministério.
Entre os exemplos incluídos no relatório, o maior salário mínimo anual é pago aos trabalhadores da Dinamarca –US$ 15.900,00– e aos da França –US$ 12.156,00.
O relatório da comissão não chegou a ser enviado ao presidente Itamar Franco porque não houve consenso entre os ministros. O prazo de trabalho foi prorrogado de 30 de abril para 30 de maio.
O relatório informa que a Previdência Social e os Estados e munícipios são os dois principais problemas que impedem a elevação do salário mínimo para um patamar próximo a US$ 100.
A Previdência Social paga um mínimo a 11 milhões do total de 14,7 milhões de segurados atuais. Se fosse dado um aumento de 50%, haveria um gasto adicional de US$ 11 bilhões.
Uma das alternativas discutidas durante a primeira etapa dos trabalhos da comissão foi a concessão de um abono para quem ganha um mínimo e tem registro em carteira.
A idéia foi apresentada pelo ministro interino do Trabalho, Mozart de Abreu e Lima. Ele queria usar recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). O abono custaria US$ 77 milhões.
O abono não seria incorporado e, portanto, não seria pago aos aposentados e pensionistas da Previdência Social. Como não houve consenso, a idéia está praticamente descartada.
Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), divulgado em abril, mostra que o salário mínimo é pago predominantemente a jovens com idade entre 20 e 29 anos.

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